20ª edição do Mercado de Coprodução da Berlinale conta com três projetos de filmes brasileiros

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O evento paralelo ao Festival Internacional de Cinema de Berlim promove encontros para o financiamento e coprodução internacional de projetos de novos filmes. Nesta edição, o Brasil conta com três representantes, escolhidos após um exigente processo de seleção.

No total, 33 projetos de 26 países foram selecionados para participar do Berlinale Co-Production Market neste ano. Entre eles, 17 são dirigidos por mulheres.

É o caso de “Corações Solitários”, da diretora brasileira Caru Alves de Souza, vencedora do Grand Prix da mostra Generation 14Plus da Berlinale 2020 com “Meu Nome é Bagdá”. Junto à produtora Rafaella Costa, da Manjericão Filmes, e a roteirista Josefina Trotta, a cineasta está há dois anos se dedicando a esse trabalho.

À RFI, Caru contou que a seleção para a Co-Production Market é extremamente concorrida. Depois, durante o evento, a rotina é intensa: nos últimos três dias, a cineasta participou de cerca de 40 reuniões. Mas o empenho vale a pena, destaca.

“Muitos filmes que entraram aqui passaram por grandes festivais, como Cannes, a própria Berlinale, Veneza, etc. Então é um selo muito importante para o filme ser selecionado. E, claro, as chances de você conseguir uma coprodução a partir desse mercado são muito maiores”, explica.

Segundo Caru, “Corações Solitários” está em uma etapa avançada de desenvolvimento, em que começa a arrecadar financiamento. “Neste momento, estamos correndo para inscrever o roteiro em editais e tentando obter algum acordo de coprodução para obter fundos internacionais”, reitera.

O cenário do futuro filme é o centro de São Paulo, onde duas irmãs herdam um cinema pornô. A história se desenrola a partir do conflito entre as personagens: uma deixou de falar com a família há vinte anos, a outra passou a vida inteira cuidando do cinema e do pai.

“O filme tem bastante camadas. A principal é a história da reconciliação entre irmãs, mas também fala sobre o processo de gentrificação – que todos os centros urbanos estão passando, e o centro da cidade de São Paulo bastante – e como as pessoas encontram maneiras muito diversas e particulares para lutar contra isso e conseguir viver nos bairros em que nasceram e onde moram”, conta Caru.

Projeto de “Custo de Vida”

Essa é a primeira vez da diretora Moara Passoni no Festival Internacional de Cinema de Berlim e também a primeira vez no Berlinale Co-Production Market, na seção Talents Market. Entre os cerca de 200 projetos, ela conta que dez foram selecionados para esta área específica.

A cineasta destaca a importância da seleção para o evento. “Sobretudo, criam-se contatos que são fundamentais. O Berlinale Co-Production Market nos permite conectar o nosso projeto com possíveis coprodutores que têm interesse no nosso projeto e podem nos ajudar a levá-lo para frente.”

O futuro filme de Moara chama-se “Custo de Vida”, baseado em um movimento homônimo que ocorreu entre 1973 a 1982 no Brasil que questionando a política econômica da ditadura militar.

“Foi uma mobilização que teve uma importância bastante grande na época. Em 1978, 20 mil pessoas protestaram na Praça da Sé. No final do mesmo ano, conseguiram recolher um milhão e 300 mil assinaturas em uma carta chamada ‘Mães da Periferia’”, aponta Moara.

“Elas fizeram uma pesquisa de preços dos itens básicos de alimentação e viram que, a despeito do que estava sendo divulgado na época, havia uma inflação brutal nos preços dos alimentos. Enquanto o país estava vivendo um milagre econômico, as mulheres estavam enfrentando condições difíceis de vida”, ressalta.

Moara é responsável pelo roteiro e a direção do projeto, que tem produção de Sofia Geld, da Uvaia Filmes. “Daqui pra frente é conseguir financiamento para fazer o filme acontecer”, diz a cineasta.

O Berlinale Co-Production Market também conta com o projeto “God Bless You”, de Gustavo Pizzi. O diretor participou da edição de 2021 do Festival Internacional de Cinema de Berlim com a série “Os Últimos Dias de Gilda”.

Fonte: Diplomacia business

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