Quarta, 8 de janeiro de 2025
Universidades federais, vinculadas à pasta, restauraram obras de arte depredadas durante o ataque à sede dos Três Poderes em 2023. Obras foram devolvidas ao acervo da Presidência nesta quarta-feira
O Ministério da Educação (MEC) participou nesta quarta-feira, 8 de janeiro, da série de eventos promovida pela Presidência da República em referência aos episódios ocorridos em 8 de janeiro de 2023. O ataque às sedes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário causou danos estruturais e danificou uma série de obras de arte, entre pinturas, esculturas e artefatos históricos. No dia de hoje, 21 foram devolvidas ao acervo da Presidência.
A restauração de 20 delas foi viabilizada por meio de Acordo de Cooperação Técnica entre a Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estabeleceu parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com apoio da Universidade de Brasília (UnB). A restauração teve início em 2 de janeiro de 2024, com a montagem de um laboratório de restauração do Palácio da Alvorada, em espaço cedido pelo governo federal.
A cerimônia de reintegração das obras de arte foi seguida do descerramento do quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti. Além disso, representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário Federal — entre eles, o ministro da Educação, Camilo Santana — se reuniram no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Depois, na Praça dos Três Poderes, as autoridades participaram do “Abraço da Democracia”, ato simbólico em defesa da democracia brasileira, com a presença de cidadãos de todo o país.
Em seu discurso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um ensaio sobre como seria a realidade brasileira contemporânea caso os golpistas tivessem sido bem-sucedidos, destacando possibilidades e direitos que teriam sido suprimidos. “Se ainda estamos aqui, é porque a democracia venceu”, disse. O presidente também prometeu que os criminosos de 8 de janeiro de 2023 e os conspiradores que planejaram um golpe de Estado serão julgados e punidos: “Todos vão pagar pelos crimes que cometeram”. Lula acrescentou que será garantido o pleno direito de defesa.
Restauração – Cerca de 50 profissionais estiveram diretamente envolvidos no projeto de restauração das obras do acervo da Presidência, incluindo 12 professores da UFPel e dois da UnB, quatro técnicos, 14 alunos de graduação da UFPel e três da UnB, além de cinco conservadores-restauradores especializados, com a colaboração de profissionais da área de fotografia e audiovisual. Foram mais de 1.760 horas trabalhadas no laboratório, e as atividades de restauro contaram com a produção de 20 relatórios técnicos, que detalharam o processo de recuperação de cada obra.
Na visão de Andréa Bachettini, professora da UFPel e coordenadora do projeto de restauração, um dos trabalhos mais simbólicos foi “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, quadro que sofreu sete punhaladas durante os ataques. A obra é a maior do acervo da Presidência e tem valor inestimável. “Após a restauração, os danos ficaram imperceptíveis pela parte da frente, mas pelo verso a gente consegue ver as ‘cicatrizes’, as marcas dos rasgos. A gente não podia esconder”, afirmou, defendendo que a peça, agora, conta também a história de um ataque à democracia, para que ele não se repita.
Além das sete obras que haviam sido vandalizadas nas invasões de 2023, outras 13 do acervo dos palácios presidenciais também foram recuperadas por meio do Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado no início de 2024 entre o Iphan e a UFPel. A iniciativa contou com um investimento de aproximadamente R$ 2,2 milhões.
Educação patrimonial – Os profissionais das universidades federais responsáveis pelo restauro das obras também promoveram oficinas de educação patrimonial em três escolas públicas do Distrito Federal, nos meses de agosto e setembro de 2024. Mais de 500 alunos participaram das atividades. As oficinas conscientizaram os estudantes para a importância do patrimônio cultural e o valor simbólico das obras vandalizadas e posteriormente restauradas.
Após o descerramento do quadro de Di Cavalcanti, cinco alunos entregaram ao presidente Lula réplicas que produziram de “As Mulatas” e de uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, que estava com 180 fragmentos catalogados após os ataques. As réplicas foram feitas durante as atividades do projeto.
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Agência Gov /Foto: Ricardo Stuckert/PR e Luis Fortes/MEC