• Fiocruz investiga contaminação de indígenas por mercúrio • SUS incorpora remédio para tuberculose • IDEC: Unimed vazou dados de clientes? • Pesquisa: Brasil se preocupa com saúde mental • STJ inocenta mulher que abortou • Israel destrói saúde de Gaza •
A solicitação do Ministério Público Federal, para que o ministério da Saúde declare emergência sanitária nas terras dos Munduruku, no rio Tapajós, pode ter produzido ao menos um efeito positivo. A Fiocruz está iniciando um estudo com mulheres grávidas da etnia. A finalidade é descobrir se elas têm o organismo afetado pela ingestão do mercúrio, usado na mineração ilegal de ouro; e se a substância afeta seus bebês. Em 2019, levantamento semelhante já havia detectado que todos os indígenas da aldeia Sawré Muybu tinham mercúrio no organismo e, entre crianças, 16% apresentavam problemas de fala e coordenação motora. “Além dessas evidências, o próprio povo Munduruku e os profissionais que trabalham no território relatam que há crianças nascendo com má formação. Há uma suspeita de que esses problemas estejam associados à exposição crônica ao mercúrio, já que o garimpo está instalado há décadas na região”, disse Paulo Basta, coordenador de ambos os trabalhos de pesquisa.
Fiocruz entrega ao SUS novo remédio contra tuberculose
Um fato novo voltou a demonstrar a viabilidade de uma indústria farmacêutica de fato nacional. Na última segunda-feira (9/10), foi incorporada ao sistema público de saúde a Pretomanida, fármaco usado no tratamento da tuberculose. Desenvolvida pela farmácia do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, ela havia sido aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS em 21 de setembro. A droga teu uso oral. Suas vantagens são menor tempo de tratamento e diminuição dos custos para o SUS, que já dispunha de outros dois remédios para doença. Calcula-se uma economia de R$ 100 milhões ao longo de cinco anos. A tuberculose voltou a apresentar alta no país, nos últimos anos. São cerca de 80 mil casos e 5,5 mil mortes anuais. Em junho, a OMS montou o Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente, que visa coordenar políticas públicas de redução desta moléstia respiratória e seus danos a famílias.
Idec pede explicações à Unimed por possível vazamento de dados
Em setembro, o site TecMundo publicou matéria na qual afirmava ter em mãos um levantamento de um pesquisador anônimo de segurança digital a respeito de um vazamento de dados de clientes da Unimed. As informações incluiriam documentos e histórico médico. A empresa defendeu-se e disse ter aberto investigação interna. Mas o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) destaca que vazamentos parecidos já ocorreram em 2019 e, na semana passada, mandou um ofício para a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) e para a ANS (Agência Nacional de Saúde) para denunciar a seguradora. A falha realça os riscos da “interoperabilidade”, baseada no compartilhamento de dados dos pacientes entre os estabelecimentos e seguros de saúde. “Os incidentes de segurança recentes, envolvendo tanto serviços públicos quanto privados, mostram que é preciso ainda muito debate sobre o tema para impedir a exposição de dados sensíveis e coibir práticas abusivas”, explicou Marina Paullelli, advogada do Idec.
Brasileiros despertam para a saúde mental, mostra pesquisa
A IPSOS, empresa que produz dados sobre diversas áreas e atividades, divulgou a pesquisa Global Health Service Monitor 2023, que entrevistou cerca de 23 mil pessoas, 1.000 delas brasileiras, sobre questões de saúde. Chamou atenção a ascensão da saúde mental como tema de preocupação dos brasileiros — a ponto de se tornar a condição de saúde que mais preocupa o público, que deixou o câncer em segundo lugar. Trata-se de uma alta constante desde 2018, quando o levantamento começou a ser feito. A pesquisa ainda relatou níveis de aprovação e reprovação do SUS similares, onde aproximadamente um terço dos entrevistados se manifestou na direção de cada percepção. No entanto, cerca de 74% consideram o SUS sobrecarregado e 83% acreditam que nem todos os cuidados médicos estão acessíveis. Por fim, a pesquisa ainda mostrou que 40% consideram o sistema subfinanciado.
STJ inocenta mulher que abortou e foi denunciada por médica
Aos poucos, surgem novas brechas em favor das mulheres que exigem autonomia sobre o próprio corpo. Em agosto, a Agência Pública trouxe à luz os maus tratos impostos a uma paciente que deu entrada numa Santa Casa de Misericórdia do interior paulista, após usar medicamentos abortivos. Denunciada pela médica, ela (cujo nome não foi revelado, para evitar eventuais represálias) foi mantida sob custódia no hospital pela polícia, por quase um dia — mesmo com dores, sangrando e convulsionando. Foi liberada depois que seus familiares pagaram fiança e recebeu alta enquanto ainda estava com hemorragia. Depois teve dificuldades em assumir um posto de trabalho, devido ao registro da ocorrência em sua ficha de antecedentes criminais. Além de flagrante tortura da paciente, o caso revelou quebra de protocolo ético profissional, uma vez que médicos não deveriam negligenciar o devido cuidado, nem compartilhar informações médicas da pessoa atendida. A paciente voltou a engravidar, mas pediu ajuda à defensoria pública para encarar o assédio que a equipe do hospital lhe fazia. No dia 3, o STJ definiu pela nulidade da ação penal contra a paciente e enviou ofício ao Conselho Regional de Medicina para averiguar a conduta da profissional. A defensoria move ação de indenização à paciente, cuja identidade foi mantida em sigilo.
Tragédia sanitária ronda Gaza
A vingança israelense contra a incursão violenta do Hamas em seu território já está se transformando em tragédia na Faixa de Gaza. Além das centenas de mortos, feridos e deslocados; de prédios derrubados e corte total de energia, os suprimentos médicos começam a escassear. Segundo matéria da Reuters, 13 estabelecimentos de saúde já foram bombardeados. Com o bloqueio de envio de suprimentos, a situação de calamidade nos atendimentos médicos básicos e escassez de água parecem inevitáveis. No Outras Palavras, você pode conferir uma cobertura que se contrapõe à enxurrada de distorções ideológicas vertida pela mídia corporativa. Vale ler a respeito, por exemplo, os textos de Chris Hedges (“Por que Israel não pode vencer”), Tarik Ali (“Levante na Palestina”) e Mustafa Barghouti (“O cerco a Gaza e a proposta do Hamas”).
Fonte: Outra Saúde