Emília Alves Branco, (Tia Emília) uma mulher negra corajosa e trabalhadora. Ela nasceu no início do século 20, filha de Marcelino Alves Branco e Antônia Amélia Branco, em uma casa simples em Ipira. Tia Emília tinha nove irmãos: Maria Amélia (minha bisavó materna, mãe de Edelvita), Abdias, Paulo, Manoel, Julieta, Etelvina, Raquel e Ernestina. Sua família, com ancestralidade africana, herdou as tradições dos antepassados, incluindo a religião de matrizes africanas e o catolicismo, fazendo parte deste sincretismo religioso brasileiro.
Seus avós paternos eram Manoel Alves Branco e Leopoldina Olimpia do Sacramento e sua vó materna era Anna Maria Machado.
Durante sua infância simples, Tia Emília cresceu seguindo os costumes e tradições da família. Todos os anos, ela e sua família faziam o caruru de São Cosme e São Damião em devoção. Essa tradição foi passada de geração em geração.
Na juventude, Tia Emília se casou com José Albenaz e juntos tiveram uma filha chamada Francisca Alves, conhecida por todos como Tia Chica. Infelizmente, o casamento não durou muito tempo devido à traição de José. Emília passou a viver sozinha e se dedicou a criar sua filha com determinação.
Para garantir sua sobrevivência e a de sua filha, Tia Emília era uma mulher empreendedora. Ela fabricava charutos caseiros, bolos, arroz-doce e cocadas para vender na barraca que montava na famosa feira de Ipira, no antigo mercado de farinha, que hoje é o mercado de artes. Sua visão de comerciante contribuiu para seu sustento e o de sua família.
Além de sua dedicação como mãe e provedora, Tia Emília também tinha um dom especial. Ela ajudava algumas mulheres em trabalho de parto, sendo responsável pelo parto da sobrinha Aracy, conhecida como Sisi, com a ajuda da sobrinha Analia, ajudaram quando Luciene nasceu em 1970 com sua habilidade e cuidado.
Tia Emília também era madrinha de crisma de Gessy, e sua voz era lembrada com carinho pela afilhada, pois era parecida com a voz da mesma Luciene, a bebê que ela ajudou a trazer ao mundo.
Tia Emília viveu até a casa dos 80 anos e faleceu em 12 de junho de 1984 em Ipirá, Bahia. Antes de partir, ela expressou o desejo de que suas imagens de devoção fossem colocadas na capela do Monte Alto. Sua filha Chica e sua neta Áurea continuo o legado e por muitos anos fez o famoso Caruru conforme as tradições familiares.
Até hoje existe a imagem de São Francisco que pertencia a ela.