Ex-diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Luísa Rosa abriu processo na Justiça acusando a entidade de criar um ambiente “doentio”, “desconfortável e hostil” para mulheres. Os documentos também envolvem acusações de assédio moral e sexual. As informações foram reveladas pelo portal Uol.
Segundo a acusação, o cargo ocupado por Luísa era de fachada. Enquanto a diretora posava como a primeira mulher a ocupar um cargo de comando, dentro da CBF ela não tinha autonomia para contratar a própria equipe. Ela cita como exemplo as contratações de dois gerentes, que teriam sido aprovadas por Ednaldo Rodrigues em um momento e desautorizadas depois que ambos já tinham começado a trabalhar.
Ainda de acordo com Luísa, ela deixou de ser atendida por Ednaldo antes de ser demitida. Ela reclamou a colegas que passou “oito meses” sem que o presidente aceitasse se reunir com ela. No lugar, despachava com outros diretores ou com funcionários hierarquicamente abaixo de sua posição.
Luísa afirmou também que sofreu humilhações na entidade, principalmente devido ao ambiente criado pelos outros diretores. A arquiteta relata que o ambiente na CBF era cheio de “comentários misóginos e inconvenientes”.
A reportagem do Uol ainda relata que ouviu dirigentes da CBF falando sobre “a contratação de prostitutas para servir os convidados da CBF em eventos”. Ela aponta que os membros da diretoria abordavam o tema durante as refeições em que ela estava presente.
“Era obrigada a almoçar enquanto os diretores falavam sobre as prostitutas que seriam contratadas para acompanhar visitantes e convidados pós-eventos”, escreveram os advogados da ex-diretora.
Luísa evitava viagens de trabalho no mesmo veículo que outros diretores. Segundo ela, era “constantemente ‘convidada’ a sair para almoços e jantares com diretores fora do local de trabalho”. Pelo mesmo motivo, solicitou auxílio-alimentação para não ter de almoçar mais com os demais membros da diretoria no refeitório da entidade.
A ex-diretora também diz que conviveu com mentiras sobre sua vida pessoal. A pior delas, um boato de que ela teria um relacionamento com outro diretor. Luísa foi promovida ao cargo em abril de 2022 e demitida em julho de 2023.
Luísa apresentou denúncias ao departamento de compliance e ao Comitê de Ética da CBF. Nenhuma foi aceita. Elas falam sobre os desmandos em seu departamento e não citam assédio moral e sexual. O processo na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro traz a nova camada de acusações.
Ainda segundo os relatos, Luísa afirmou que Ednaldo respondeu que “estava acompanhando o jogo do Vitória”, quando a ex-diretoria disse precisar falar com o presidente.
Ao Uol, A CBF respondeu sobre as recusas de Ednaldo receber a diretora. De acordo com a nota, a estrutura da entidade é complexa e que “as agendas dos gestores com o presidente obedecem a critérios variados, como urgência, disponibilidade e presença do dirigente na sede”.
Fonte: Galáticos Online