Conhecido pelo espírito libertador e democrático, o jurista, advogado, político, diplomata, escritor, jornalista e orador Ruy Barbosa vai ganhar um documentário, encerrando a celebração do marco histórico de 100 anos de sua morte, no próximo dia 4 de março, às 19h, no Cine Glauber Rocha.
A ideia é que, após a exibição de “A Voz de Ruy”, na sessão exclusiva para convidados, a produção ganhe sessões no circuito comercial, levando a um público maior o legado de um dos mais notáveis brasileiros de todos os tempos.
Com direção de Fernanda Miranda e Pedro Sprejer e direção-geral de Belisário Franca, o longametragem exibe cenas históricas e bastidores da vida do soteropolitano, na sua trajetória como polímata, sendo destaque em diversas áreas, na Bahia, onde nasceu, no Rio de Janeiro e no exterior.
Depoimentos de especialistas na vida e obra de Ruy, imagens da Cinemateca Brasileira e da Fundação Casa de Rui Barbosa, além do acervo do documentarista Isaac Rozemberg e fotos e documentos da Fundação Casa de Rui Barbosa, ABI, Biblioteca Nacional e Arquivo Nacional enriquecem o documentário, que revela a presença do baiano em todas as ações renovadoras durante a Monarquia e na Primeira República.
(Vice-presidente da ABI, Luis Guilherme Pontes Tavares, durante entrevista para Fernanda Miranda, sob o olhar de Nelson Cadena)
A obra revela as várias facetas do personagem: um dos precursores do abolicionismo, mentor da reforma do ensino, coautor da Constituição Brasileira, criador dos Tribunais de Contas e defensor da igualdade entre as nações e do federalismo. Posicionou-se contra o militarismo, no comando nas nações, defendendo o poder civil e o modelo de república com democracia através dos três poderes.
“Meu país conhece o meu credo político. Porque o meu credo político está na minha vida inteira. Creio na liberdade onipotente, criadora das nações robustas. Creio na lei, na emancipação dela. Rejeito as doutrinas de arbítrio, abomino as ditaduras de todos os gêneros: militares ou científicas, coroadas ou populares. Oponho-me aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância”, disse em discurso no Senado Federal em outubro de 1896.
Entre as personalidades ouvidas estão o ex-ministro do STF Ayres Britto; Edvaldo Brito, professor de Direito da UFBA e imortal da Academia de Letras da Bahia-ALB; Joacy Góes, presidente do IGHB; e Lidivaldo Reaiche Brito, desembargador do TJBA; e Nelson Cadena, responsáve pelo Argumento e Pesquisa da produção.
“Esse filme só foi possível graças a imagens de arquivo de diversas fontes. Precisamos fortalecer a preservação de nossos acervos cinematográficos. Apoiar as instituições que se dedicam a preservar nossa memória. Não basta produzir cinema, temos que preservar a memória através do cinema. Isso ajudará a contar nossas estórias”, defende Maurício Xavier, produtor executivo do documentário, que revela a força que as posições do retratado ainda têm nos dias de hoje.
“No dia da infâmia (ataques golpistas em 8 de janeiro de 2023), o busto de Ruy Barbosa foi vandalizado pelos invasores do STF em Brasília. Não é uma coincidência. A voz de Ruy Barbosa, que sempre incomodou os autoritários, é uma chave para compreendermos a construção da nossa democracia, da nossa república, do respeito a nossas instituições e até mesmo de uma visão de Brasil”, descreveu Belisário Franca.
* Por José Mion Alô alô / Fotos: Divulgação/Reprodução.