Baianas são premiadas nos Estados Unidos — Foto: Arquivo Pessoal/Cauã Gomes

Baianas são premiadas e escolhidas para participar de evento internacional em faculdades dos Estados Unidos

Bahia

Amanda Lins e Marta Melo estão com viagem marcada para universidade de Harvard e para o MIT, na cidade norte-americana de Boston.

As estudantes baianas Amanda Lins e Marta Melo, ambas de 21 anos, foram premiadas e escolhidas para viajar com tudo pago até a Brazil Conference (BC), nos Estados Unidos. O evento acontece nos dias 6 e 7 de abril, na universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (conhecido pela sigla em inglês M.I.T.), na cidade de Boston.

✈️ As duas embarcam nesta quinta (4) e sexta-feira (5). A conferência completa 10 anos em 2024 e ganhou notoriedade por reunir intelectuais, pesquisadores e pessoas do meio cultural para debater soluções que ajudem a resolver problemas sociais, culturais e educacionais no Brasil.

🧠 Pesquisa com inteligência artificial

Amanda, moradora do bairro da Fazenda Grande do Retiro, em Salvador, é formada pelo ensino técnico e trabalha como cientista de dados. Sua pesquisa e projeto, que a levaram até a premiação, envolvem o uso de inteligência artificial (IA).

Foi usando IA e imagens de satélite da Nasa que Amanda montou um algoritmo de classificação para, em seguida, mapear as cidades de Salvador e outras três em região costeira da Bahia (Ilhéus, Vera Cruz e Itacaré). Nesse mapeamento, dividiu os municípios em três partes: água, vegetação e edificações.

A inteligência criada pela jovem teve precisão de mais de 90% na classificação das áreas. Segundo Amanda, o projeto visa combater o racismo ambiental.

“É um problema de saúde pública, educacional e social. Se alaga, os alunos não têm aula. Se acontece um desastre ambiental, por exemplo, os hospitais ficam sobrecarregados. Temos que pensar que isso pode afetar em muitos quesitos. Usando a IA e com base em estudo analítico é possível tomar providências”, comentou.

✊🏿 Racismo ambiental

O termo racismo ambiental faz referência às áreas onde vivem pessoas em vulnerabilidade social, que, por conta das alterações climáticas e as mudanças no meio ambiente, serão afetadas primeiro do que aquelas que possuem melhores condições de vida.

O caminho de Amanda, até ser escolhida para palestrar na BC, começou em 2018, na escola onde estudava. Junto com colegas de um grupo de pesquisa, se apaixonou pelo processo de criação de projetos e ideias, e no ensino técnico buscou bases mais profundas em IA.

Amanda embarca para os Estados Unidos como vencedora da categoria “AI4GOOD”, que premia ideias à base de IA (AI, na sigla em inglês para Artificial Intelligence), projetadas para fazer o bem. O prêmio é dividido em três subcategorias: meio ambiente, saúde e educação.

💡 Escolhida entre 800 competidores

Marta Melo é do povoado de Campo Grande, no município de Mirangaba, no norte da Bahia. Seu projeto, intitulado Sapiência, foi selecionados entre 800 competidores.

Marta atuará no evento como embaixadora e apresentará a fundação “Sapiência”. A iniciativa, fundada em 2023 por ela e o namorado, João Pedro Amorim, tem o objetivo de levar educação de qualidade e ajudar no acesso a olimpíadas, intercâmbios e oportunidades de ensino e desenvolvimento para jovens no interior do estado.

Segundo Marta, a ideia surgiu por ver a falta de oportunidades e assistência que sofrem os jovens das redes municipais e estaduais. A iniciativa é mantida apenas pelo casal. Eles montam o calendário, organizam as atividades e buscam instituições de ensino para levar seus projetos até os estudantes.

“Vim de uma realidade restrita. Meus pais eram lavradores e quando entrei para o Instituto Federal (IFBA), em Jacobina, conheci um mundo de oportunidades por meio de outros estudantes de cidades maiores”, recorda.

Como resultado, ao longo do seu primeiro ano de fundação, a Sapiência conseguiu aprovar nove estudantes da rede municipal no IFBA.

“A Sapiência nasce quando existe uma rede de oportunidade que meus semelhantes não têm acesso. Vamos até escolas, fazemos oficinas, rodas de conversa e temos uma oficina sobre a vida. Vai muito além de profissões, vamos para o lado social também”, detalhou.

No momento em que recebeu a notícia que havia sido aprovada e que representaria o Nordeste na conferência, Marta contou que estava em Minas Gerais, convidada pela universidade para estudar nanotecnologia.

A conquista representou mais que uma oportunidade de engajar a fundação. Para eles, jovens negros e do interior que tentam incentivar a educação pública no Brasil, o sentimento é, acima de tudo, de tentar fazer a sua parte.

Marta quer expandir a Sapiência para outras cidades e estados do Brasil, o que vai ampliar o número de estudantes beneficiados. Para isso, busca apoio financeiro de empresas e financiadores.

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Fonte: G1 Bahia