Terça, 14 de maio de 2024
Michael Cohen, ex-advogado e confidente de Donald Trump, testemunhou nesta segunda-feira (13) no julgamento do antigo chefe, onde admitiu que, por ordem do republicano, pagou US$ 130 mil (R$ 670 mil) à atriz pornô Stormy Daniels em troca do silêncio dela.
Cohen testemunhou no julgamento do ex-presidente dos EUA por falsificação de registros fiscais para encobrir o pagamento que fez a Daniels. Este é um dos julgamentos que o republicano enfrenta em plena campanha eleitoral, o que já foi descrito por ele como uma “caça às bruxas”, orquestrada pelos democratas para prejudicar as suas aspirações políticas.
Segundo a imprensa local, Cohen disse que, por ordem de Donald Trump, pagou a atriz pornô para permanecer em silêncio sobre seus encontros sexuais com o ex-presidente às vésperas das eleições de 2016 e que o próprio Trump participou e aprovou um plano para reembolsar Cohen pelo dinheiro gasto, durante uma reunião em uma empresa do ex-chefe, em meados de janeiro de 2017.
O advogado acrescentou que Trump foi informado de que os reembolsos seriam registrados nos livros da sua empresa como despesas legais, contou o portal Politico.
“A alegação de que Trump aprovou pessoalmente o acordo de reembolso – e aparentemente concordou que seria registrado como faturas legais em vez de um reembolso – é a evidência mais forte que os promotores apresentaram, ligando Trump aos documentos comerciais supostamente falsificados, que forma a base das acusações de crimes graves”, pontuou o jornal.
Poucos dias antes de Trump tomar posse como presidente, Cohen lembrou que ele, Trump e Allen Weisselberg, outro executivo sênior da organização Trump, reuniram-se no gabinete do magnata republicano.
De acordo com o advogado, Weisselberg descreveu a Trump um plano para pagar Cohen durante 12 meses, com pagamentos que cobririam o custo “bruto” do contrato de Daniels, um bônus para Cohen e um pagamento que Cohen havia feito em nome de Trump.
“Isso foi no escritório do sr. Trump com o sr. Trump?”, perguntou a promotora Susan Hoffinger. “Sim”, respondeu Cohen.
Hoffinger perguntou se Weisselberg mostrou a Trump um documento manuscrito descrevendo o plano de reembolso. “Sim”, voltou a repetir Cohen.
Cohen disse, ainda, que Trump estava profundamente preocupado com as suas perspectivas eleitorais de 2016 quando lhe ordenou que enterrasse a história de Stormy Daniels.
O testemunho é crucial para a teoria dos procuradores de que pagar dinheiro secreto a Daniels nas últimas semanas da campanha de 2016 foi uma forma de interferência eleitoral.
Cohen disse no tribunal que depois de dizer a Trump que as alegações de Daniels poderiam ressurgir naquele outono, Trump ficou zangado com ele e disse-lhe para “apenas lidar com isso“.
“Ele me disse: ‘Isso é um desastre. Um desastre total. As mulheres vão me odiar. Isso é realmente um desastre. As mulheres vão me odiar. Os caras podem achar que é legal, mas isso será um desastre para a campanha'”, disse Cohen, de acordo com a mídia norte-americana.
Enquanto Cohen tentava negociar um acordo com Daniels, Trump ordenou-lhe que “seguisse em frente com a eleição, porque se eu ganhar, não importará porque serei presidente, e se perder, ninguém se importará”.
Quando Cohen perguntou como as alegações de Daniels poderiam afetar o relacionamento de Trump com Melania, Trump disse-lhe: “Não se preocupe.”
“Ele disse: ‘Em quanto tempo você acha que estarei no mercado? Não muito'”, disse Cohen.
“Ele não estava pensando em Melania“, disse Cohen. “Era sobre a campanha“, completou.
Fonte: Sputniknews / © AP Photo / Richard Drew