Neste mês, destacamos duas importantes datas de conscientização que fazem parte da campanha Agosto Branco: o Dia Mundial do Câncer de Pulmão, em 1º de agosto, e o Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto. A iniciativa visa alertar a população sobre os riscos do tabagismo e enfatizar a importância do diagnóstico precoce do câncer de pulmão, além de promover a compreensão de outros fatores relevantes para a doença.
O câncer de pulmão é uma das neoplasias mais letais tanto no Brasil quanto no mundo, e o tabagismo é o principal fator de risco para essa doença, sendo responsável por cerca de 85% dos casos. Segundo o coordenador médico do Hospital Integrado do Câncer (HIC) do Hospital Mater Dei Salvador, Cleydson Santos, quando são excluídos casos de pele não melanoma, o câncer de pulmão é o terceiro mais comum nos homens, com 18 mil casos, e é o 4º mais comum nas mulheres, com 14.500 mil casos no Brasil.
“A neoplasia pulmonar é um tipo frequente e agressivo, sendo o mais letal de todos. No Brasil, a situação é particularmente grave, pois cerca de 80% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados (3 e 4). Esse diagnóstico tardio resulta em um prognóstico muito ruim, dificultando os tratamentos e diminuindo significativamente as chances de cura “, estimou o especialista.
De acordo com o médico, os principais sinais e sintomas do câncer de pulmão incluem tosse crônica que persiste por mais de 21 dias, frequentemente acompanhada de escarro sanguinolento, conhecido como hemoptise. Outros sintomas incluem perda de peso, dor no tórax e falta de ar. A doença também pode causar sinais relacionados à disseminação do câncer, como metástases para o cérebro, fígado e ossos. Sibilância, ou chiado, é comum, mas os sintomas podem variar conforme a evolução da doença.
Rastreamento
Considerando a gravidade do câncer de pulmão e o aumento do risco entre os fumantes, a equipe de pneumologia do Hospital Mater Dei Salvador desenvolveu um programa de rastreamento para identificar a doença. Diferentemente do passado, quando não havia um método específico para rastreá-lo, atualmente é possível realizar uma tomografia de tórax com baixa dose de radiação, anualmente a partir dos 50 anos, para pessoas que fumam ou que pararam há menos de 15 anos. Esse rastreamento, conduzido principalmente por pneumologistas, permite a detecção precoce de nódulos pulmonares e possibilita intervenções rápidas, aumentando as chances de cura.
O médico explica que, além de conscientizar as pessoas sobre os perigos do tabagismo e incentivá-las a abandonar ou nem sequer iniciar o hábito de fumar, a campanha Agosto Branco tem como objetivo divulgar o rastreamento do câncer de pulmão. “Essa prática, que ainda é pouco acessada e conhecida, é fundamental para o diagnóstico precoce da doença. Assim, é essencial fornecer informações de qualidade para que as pessoas possam cuidar melhor da própria saúde”, alertou.
85% dos pacientes com câncer de pulmão fumam ou fumaram
De acordo com o coordenador médico do HIC, o principal fator de risco para o câncer de pulmão é o tabagismo, com 85% dos pacientes diagnosticados com a doença sendo fumantes ou ex-fumantes. O tabagismo passivo também aumenta significativamente o risco, assim como a exposição a substâncias tóxicas no ambiente de trabalho e a poluição do ar. Ele ressalta a importância do rastreamento: “A principal medida de prevenção é abandonar o tabagismo. Para fumantes ou ex-fumantes, é recomendada a realização de tomografia de tórax anual a partir dos 50 anos.”
“O tabagismo passivo também pode aumentar o risco de câncer de pulmão de duas a três vezes para aqueles que convivem com fumantes”, explica Dr. Cleydson. Além disso, a exposição ocupacional a substâncias tóxicas, como amianto, asbestos, derivados de petróleo, fuligem de fogão a lenha e em carvoarias, também eleva significativamente o risco. “Doenças hereditárias e crônicas, como esclerodermia e fibrose pulmonar, são outros fatores de risco. É importante frisar que o câncer de pulmão não é hereditário, mas há casos em que a doença se desenvolve sem fatores de risco conhecidos, devido a mutações específicas no DNA dos pacientes”, reiterou.
Tabagismo causa cerca de 50 doenças
A pneumologista e coordenadora de Medicina Respiratória do Hospital Mater Dei Salvador, Fernanda Aguiar, complementa que, além de vários tipos de câncer como os de boca, garganta e esôfago, o tabagismo causa cerca de 50 diferentes doenças, incluindo doenças respiratórias e cardiovasculares. “O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que engloba bronquite crônica e enfisema pulmonar. Além disso, o hábito de fumar aumenta a suscetibilidade a infecções respiratórias e agrava os sintomas da asma. Mudar de hábito é a medida mais eficaz para reduzir riscos de doenças e outras condições de saúde debilitantes”, esclareceu a médica.
Os cigarros eletrônicos, embora inicialmente promovidos como uma alternativa aos cigarros tradicionais, também apresentam riscos significativos. A pneumologista alerta que “a composição do vapor do cigarro eletrônico contém substâncias derivadas de metais pesados, como ferro, alumínio e níquel, que podem levar ao câncer de pulmão, além de outras doenças pulmonares graves”, acrescentou.
Programa de apoio a pessoas que desejam parar de fumar
Parar de fumar é o primeiro e mais importante passo para melhorar a saúde respiratória e reduzir o risco de doenças graves. Pensando nisso, o Hospital Mater Dei Salvador oferece um programa de apoio para pacientes que desejam parar de fumar, que inclui aconselhamento estruturado, terapia cognitivo-comportamental e, quando necessário, tratamento medicamentoso. “Algumas pessoas conseguem parar de fumar sozinhas, mas a maioria precisará de ajuda, pois o tabagismo é uma condição que envolve dependência física, psicológica e comportamental. É imprescindível realizar uma avaliação clínica completa para identificar o grau de dependência à nicotina e os gatilhos que desencadeiam a vontade de fumar,” explica a especialista.
*Foto: Reprodução Fonte: Saúde News