Concertos na USP destacam a música renascentista ibérica

cultura

Apresentações acontecem a partir desta quinta-feira, dia 29, às 17 horas, no Centro MariAntonia

Nesta quinta-feira, dia 29, às 17 horas, começa o ciclo de música Lusofonia: a Canção no Século Dourado Ibérico, no Centro MariAntonia da USP. Quinzenalmente, até 7 de novembro, serão apresentados seis concertos comentados, que destacarão a música renascentista da Península Ibérica. O primeiro concerto da série, nesta quinta-feira, vai apresentar canções de Juan de Cornago (1400-1475), cantor e compositor espanhol. As músicas serão executadas por Pedro Diniz, ao cravo, acompanhado pelas musicistas Fernanda Ribeiro, Giulia Tettamanti e Iara Ungarelli. A entrada é grátis.

O segundo concerto do ciclo será no dia 12 de setembro. Na ocasião, será apresentado o Cancioneiro de Lisboa. O ciclo continuará no dia 26 de setembro com o Cancioneiro de Paris. No dia 10 de outubro, os destaques serão as músicas do compositor português Pedro de Escobar (1465-1535). O Cancioneiro de Elvas e o Cancioneiro de Belém vão completar o ciclo, nos dias 24 de outubro e 7 de novembro, respectivamente (leia aqui a programação completa do ciclo)

O ciclo foi idealizado pelo cravista Pedro Diniz, que é mestre em Teclas Históricas e em Música Medieval e Renascentista pela Universidade Estadual de Trossingen, na Alemanha. É ele, também, o organizador das conversas que serão ministradas entre as apresentações, com o objetivo de “direcionar e informar a plateia para algumas questões que não são conhecidas pelo público leigo: falar o que é uma forma fixa, como se estrutura um violão, que instrumento se tocava e como se ornamenta essa música, por exemplo”.

Ancestralidade ibérica e a lírica brasileira

Homem de barba e careca, usando óculos.
O cravista Pedro Diniz – Foto: tttalittta via musica.manuscrita/Instagram

“No século 16, houve uma grande produção não só na música, mas nas artes plásticas, na arquitetura e na literatura. Chamam de um cume cultural ibérico, quando acontecia uma grande diáspora e começaram as grandes navegações”, destaca Diniz, lembrando a “época de ouro” da música renascentista.

Nessas expedições coloniais – continua o cravista -, a cultura lusófona foi imposta a novos povos, o que também disseminou as canções renascentistas. “Os manuscritos desses cancioneiros ibéricos não vieram para o continente americano, mas vieram em forma de memória ao longo de toda a imigração”, afirma Diniz. “O material humano, o clero, os jesuítas, os soldados e, depois, a aristocracia e a burguesia, todos eles carregaram essa memória musical para cá. Isso ajudou a fomentar a lírica que, hoje em dia, nós conhecemos por música brasileira.”

Nos seis concertos comentados do ciclo, Diniz pretende mostrar ao público os atributos das canções que vêm da tradição ibérica oral e aqueles que surgem pela sua adaptação escrita. Algumas das músicas são consideradas de autoria múltipla. “São poucos os compositores que, de fato, assinaram suas canções. Grande parte delas passou por um processo de mais de uma mão, tanto na poesia como na música.”

“Parte das melodias principais que são cantadas veio de uma tradição oral e passou por um processo de arranjo em polifonia”, continua o cravista, explicando a pluralidade nas maneiras de interpretar os manuscritos originais, que não especificam os instrumentos a serem utilizados. No ciclo Lusofonia, os instrumentos serão flauta, cravo, harpa e organetto, que é um pequeno acordeão.

O ciclo de música Lusofonia: a Canção no Século Dourado Ibérico começa nesta quinta-feira, dia 29, às 17 horas, no Centro MariAntonia da USP (Rua Maria Antônia, 258, Vila Buarque, em São Paulo, próximo às estações Santa Cecília e Higienópolis-Mackenzie do metrô). Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis no site do Centro MariAntonia).

Azulejos com casas pintadas neles.
Foto: mariantoniausp/Instagram

Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: Sofonisba Anguissola/Mortendrak/Wikimedia Commons/Domínio público; Reprodução/Centro MariAntonia

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