Por Mauricio Leiro
O avançar da campanha eleitoral nos municípios tem escancarado um embate que pode repercutir no pleito de 2026. Com alguns “pontos de conflito” em algumas das maiores cidades da Bahia, o PSD e o PT devem ter que afinar os ponteiros que foram desajustados nas composições deste ano.
Um dos exemplos mais claros é em Ilhéus. Após um longo período de debates entre o PT e o PSD, as legendas não chegaram a um acordo e possuem nomes distintos na disputa. O atual prefeito Mário Alexandre (PSD) acabou indicando o ex-secretário municipal de Gestão e Inovação, Bento Lima. Já o PT confirmou o nome da ex-secretária de Educação da Bahia Adélia Pinheiro, apoiada pelo governador Jerônimo Rodrigues.
Com autonomia para definir a sucessão, Marão confirmou que buscou manter o comando da cidade com o PSD, amparado pelo presidente estadual do partido, senador Otto Alencar. O movimento de certa forma frustrou o desejo do PT em uma composição na cidade, sob o entorno de Adélia. “Quando se tem um prefeito do PSD, à sucessão passa por ele. A decisão é a que Marão tomar, vai ser a decisão que o diretor vai respaldar”, disse Otto à época.
Já em Eunápolis, por exemplo, existe a disputa envolvendo o embate entre o PSD e o PT. A Federação Brasil da Esperança, que possui o PCdoB e o PV como integrante, tem o nome de Isac da Katharina (PT). Já o PSD busca com Robério Oliveira, ex-prefeito da cidade, retomar o comando da prefeitura, reeditando em mais uma cidade o confronto. A atual prefeita do município Cordélia Torres (União) divulgou que não irá buscar a reeleição.
O caso mais “conflituoso” é em Juazeiro, onde o PSD e o PT se enfrentam de forma mais direta. O PT manteve o nome do ex-prefeito da cidade Isaac Carvalho na disputa até a reta final da inscrição das candidaturas. Por sua vez, com a inviabilidade da confirmação da candidatura, boa parte dos integrantes da base de apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) acabou migrando o apoio para Andrei da Caixa (MDB).
O ápice do atrito se deu quando Isaac não acompanhou o apoio do PT a Andrei, indicando seu sobrinho, Celso Carvalho, à disputa pela prefeitura, porém, pelo PSD. A “rebeldia” de Isaac foi encarada como uma afronta à base, apesar de ter sido respaldada pelo PSD. O Bahia Notícias chegou a divulgar um “plano de fundo” na disputa em Juazeiro, que poderia dimensionar o tamanho do conflito, já que informações obtidas pelo Bahia Notícias indicam que a movimentação de Isaac, em Juazeiro, poderia dar fim à relação dele com o Partido dos Trabalhadores.
Com a iminente saída, incluindo um “convite” da cúpula do PSD baiano para a filiação, além da troca no candidato para o pleito municipal, com a confirmação de Celso Carvalho, sobrinho de Isaac, os “acordos prévios” estariam suspensos. A trava incidiria diretamente em um postulante à Câmara Federal: Lucas Reis. Apadrinhado pelo senador Jaques Wagner (PT), Lucas, que é chefe de gabinete do parlamentar, não ficou nada satisfeito com a alteração.
Sobre a disputa na região, o governador Jerônimo indicou que “não vale a pena entrar na política dessa forma”. “Eu fiz um movimento para tentar ver como a gente desanima qualquer ânimo dessa natureza”, disse.
“Eu tenho me colocado pra gente mediar uma relação mais harmônica possível. A nossa inimizade de projeto para cuidar de Juazeiro não tá nem em Andrei nem tão pouco em Isaac. Nosso projeto caminhou junto até agora. Tenho procurado mediar para evitar esse tipo de comportamento”, completou.
O presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia, Éden Valadares revelou que o presidente estadual do PSD, o senador Otto Alencar, foi informado da decisão de apoio conjunto da base e, disse que o parlamentar garantiu que a candidatura do partido em Juazeiro é para a eleição de vereadores.
A disputa municipal deve ser o prefácio de uma história que será contada e terá um desfecho em 2026, quando, na disputa pelo governo baiano, a chapa majoritária será alvo das duas legendas. O “apetite” do PSD pode não ter vínculo em ampliar seu espaço na gestão e na chapa, mas, sim, de manter os espaços já garantidos em 2018, quando o senador Angelo Coronel foi eleito. Buscando se manter na chapa, Coronel tem enfrentado o desejo de outros aliados, inclusive, do atual ministro da Casa Civil, ex-governador Rui Costa (PT).
Ambos tem sinalizado o desejo de concorrer a uma das vagas, deixando algumas incertezas para um ajuste que contemple os dois partidos, em um cenário que Jerônimo Rodrigues deve ser candidato à reeleição como governador e Jaques Wagner como senador, ambos pelo PT.
DISPUTAS PELA BAHIA
Os partidos não irão se enfretar apenas em Ilhéus e Eunápolis. Para além do conflito com as decisões de Juazeiro, as legendas terão confronto outros municípios, como Cachoeira, Conceição do Coité, Paulo Afonso e São Gonçalo dos Campos. Ao todo serão 53 embates entre PSD e PT.
As cidades são: Adustina, Água Fria, América Dourada, Anagé, Antônio Cardoso, Baixa Grande, Barra, Barra do Mendes, Cachoeira, Canarana, Candiba, Caravelas, Catu, Coaraci, Conceição do Almeida, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cristópolis, Ibicoara, Ibitiara, Inhambupe, Itatim, Ituaçu, Iuiu, Jaguaquara, Jeremoabo, Lajedinho, Lajedão, Lamarão, Mascote, Milagres, Mirante, Morpará, Muritiba, Mutuípe, Nova Redenção, Nova Soure, Oliveira dos Brejinhos, Paulo Afonso, Pilão Arcado, Planaltino, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Rio do Pires, Santa Brígida, Santa Bárbara, Santa Cruz da Vitória, Santa Terezinha, São Gonçalo dos Campos, São Sebastião do Passé, Tanhaçu, Uibaí e Wagner.
Fonte: BN/ Foto: Reprodução / PSD Bahia