As bets passarão a operar sob regulação em janeiro e CEOs de grandes casas de apostas afirmam que já foram procurados por diretores comerciais de grandes bancos interessados em administrar as contas financeiras dos apostadores —uma quantia que, no ano passado, girou R$ 120 bilhões.
A principal ideia, segundo um dos CEOs ouvidos pela reportagem, é intermediar os recursos das contas dos apostadores nas bets. Segundo os executivos consultados, existe a possibilidade de que essas contas virtuais —e até mesmo o sistema de pagamento via Pix— sejam operadas por uma instituição financeira.
Os bancos poderiam fazer mais dinheiro com esses recursos, aplicando o volume diariamente no mercado, da mesma forma como fazem com os saldos das contas correntes de seus próprios clientes.
Só para se ter ideia, um volume de R$ 10 bilhões mensais rende cerca de R$ 1 bilhão em uma aplicação corrigida pelo DI.
Os bancos, no entanto, negam veementemente que estejam interessados no negócio. “Não temos conhecimento de qualquer intenção ou tratativa dos bancos com as bets para assumirem a carteira financeira”, disse em nota o presidente da Febraban, Isaac Sidney.
“Conversamos com as grandes instituições e elas não só negaram que estejam se movimentando nesse sentido, como asseguraram para a não procedência da notícia [interesse em negócios com as bets]”.
Ainda segundo a federação, os bancos estão preocupados com a escalada desse mercado de apostas e o potencial de superendividamento das famílias. Até o momento, as apostas foram feitas via cartão de crédito —algo que foi barrado pela regulamentação— e isso fez aumentar o endividamento.
Além disso, e não menos importante, a Febraban aponta questões de segurança: a garantia de que a política de “conheça o seu cliente” será cumprida.
Os bancos não irão se associar a um negócio que, até o momento, também serviu para fazer lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Julio Wiziack/Folhapress / Foto: Divulgação