- Helen Briggs
- Da BBC News
Gorilas que se automedicam podem fornecer pistas para futuras descobertas de medicamentos, de acordo com cientistas.
Pesquisadores no Gabão estudaram plantas tropicais consumidas por gorilas selvagens — e usadas também por curandeiros locais em seres humanos —, identificando quatro com efeitos medicinais.
Estudos laboratoriais revelaram que as plantas eram ricas em antioxidantes e antimicrobianos.
Uma delas se mostrou promissora no combate a superbactérias.
Os grandes primatas são conhecidos por se automedicarem selecionando plantas com propriedades curativas.
Um orangotango ferido virou notícia recentemente por usar uma pasta vegetal para curar um machucado.
No estudo mais recente, botânicos registraram as plantas consumidas por gorilas-ocidentais-das-terras-baixas no Parque Nacional Moukalaba-Doudou, no Gabão.
Eles selecionaram quatro árvores que provavelmente seriam benéficas, com base em entrevistas com curandeiros locais: a sumaúma (Ceiba pentandra), a nyankama (Myrianthus arboreus), a teca africana (Milicia excelsa) e as figueiras (Ficus).
A casca das árvores — usada na medicina tradicional para tratar de tudo, desde problemas estomacais até infertilidade — continha substâncias químicas com efeitos medicinais, de fenóis a flavonoides.
Todas as quatro plantas apresentaram atividade antibacteriana contra pelo menos uma cepa multirresistente a antibióticos da bactéria E. coli.
Segundo eles, a Ceiba pentandra, em particular, apresentou “atividade notável” contra todas as cepas testadas.
“Isso sugere que os gorilas evoluíram para consumir plantas que os beneficiam, e destaca as enormes lacunas em nosso conhecimento sobre as florestas tropicais da África Central”, afirma Joanna Setchell, antropóloga da Universidade de Durham, no Reino Unido, que participou do estudo com cientistas do Gabão.