Por Paulo Gala – Sábado, 2 de novembro de 2024
O destaque desta manhã foi a divulgação da taxa de desemprego pelo IBGE, que caiu para 6,4%, o menor índice desde 2014. Esse recuo de 6,9% na leitura anterior para 6,4% reforça o aquecimento do mercado de trabalho. O Ministério do Trabalho também apontou uma criação de 247.818 vagas formais em setembro, elevando o acumulado do ano para 1.981.557 empregos com carteira assinada.
Tradicionalmente, novembro e dezembro trazem alguma redução de vagas, devido ao término de contratos sazonais, mas é provável que o saldo anual fique em torno de 1,7 a 1,8 milhão de novos empregos formais. Nos últimos quatro anos (2021-2024), a economia brasileira gerou aproximadamente 2 milhões de vagas formais por ano. Esse desempenho ajudou a reduzir o desemprego de 15% durante a pandemia para 6,4%, configurando o momento mais favorável do mercado de trabalho em uma década. As demissões voluntárias estão em nível recorde, indicando que trabalhadores têm encontrado oportunidades com salários melhores. Esse cenário eleva a massa salarial e reflete positivamente no mercado de trabalho. Esse desempenho é consequência do crescimento econômico, projetado em 3,2% para 2024. Esse crescimento se deve mais ao aumento no número de trabalhadores do que a ganhos de produtividade.
Embora a economia esteja aquecida, os dados mostram que o aumento do PIB é impulsionado pelo crescimento do emprego, e não por um salto na produtividade. A inflação de serviços, por outro lado, segue pressionada. Os índices de preços ao consumidor vêm subindo, dificultando o trabalho do Banco Central. Com o mercado de trabalho próximo do pleno emprego, ainda há muitos trabalhadores subempregados ou informais, além de uma grande parcela que gostaria de trabalhar mais.
O desafio agora é transformar empregos de baixa qualidade em vagas mais qualificadas e tecnologicamente avançadas. Para aumentar salários sem provocar inflação, é essencial elevar a produtividade, o que só é possível com a criação de vagas mais qualificadas e uma melhora no nível de sofisticação das empresas. Esse é o cenário atual do Brasil: uma economia aquecida, crescimento acima de 3%, desemprego em baixa, mas também com pressões salariais e de serviços. A expectativa é que o Banco Central reaja a essa situação com um aumento na taxa de juros, de 0,5%, na próxima semana, coincidindo com decisões importantes do Fed e possíveis resultados das eleições americanas.
Fonte: paulogala.com.br