Vitória de Trump fortalece dólar no mundo

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A vitória de Trump nos Estados Unidos, com uma vantagem significativa, surpreendeu pela rapidez dos resultados, fortalecendo o controle republicano na Câmara e no Senado. Além de vencer no voto popular, a vitória é inquestionável e tem uma série de consequências que deverão ser analisadas nos próximos dias e anos. Uma diferença clara entre as plataformas republicana e democrata está no impacto imediato nos juros longos: os títulos de dez anos subiram para 4,40%, o maior nível desde julho, enquanto os de trinta anos tiveram o maior salto desde 2020, com uma alta de 23 pontos base. Esse movimento reflete as expectativas do “Trump Trade”, onde se prevê um aumento de tarifas contra a China, com média de 60% para alguns produtos, e maior restrição à imigração. Esses pilares de Trump aumentam a inflação ao elevar salários pela escassez de mão-de-obra e os custos dos produtos importados pelas tarifas.

Esse cenário aponta para uma possível nova fase de inflação nos EUA, inaugurada pela gestão de Trump. O ciclo inflacionário pandêmico estava praticamente encerrado com os cortes de juros, mas agora pode surgir uma nova onda inflacionária impulsionada por déficits fiscais elevados e promessas de cortes de impostos. O mercado está reagindo fortemente, com as bolsas em alta devido à expectativa de desregulamentação e redução de impostos. Entretanto, o aumento dos déficits e da dívida pública pode pressionar a inflação e levar o Fed a interromper cortes de juros. Ainda que o Fed possa efetuar um último corte em dezembro, é provável que pare por aí, aguardando os efeitos da nova gestão.

O índice DXY, que mede a força do dólar, ultrapassou 105, marcando uma valorização significativa desde outubro, refletindo o “rally” de Trump. Moedas emergentes, como o peso mexicano e o real brasileiro, estão se desvalorizando fortemente, com o real abrindo em queda de quase 2%, superando R$5,85. No Brasil, os juros longos subiram 20 pontos base, acompanhando a pressão inflacionária, com o IGP-DI registrando alta de 1,54%, puxado pelo IPA agro em 3,46%, devido ao impacto da seca sobre os preços de alimentos e carne. O IPCA deve fechar o ano em torno de 4,6% a 4,7%, o que deve levar o Banco Central a aumentar a Selic em 0,50 hoje e possivelmente outro 0,50 em dezembro, encerrando o ano em 11,75%. Nos EUA, espera-se o último corte de 0,25% do Fed, finalizando o ano com uma política monetária mais cautelosa.

A vitória de Trump também impacta setores específicos: ações de energia limpa, como as da Vestas, estão em queda, enquanto empresas de óleo e gás e defesa apresentam valorização, devido à visão de Trump, mais voltada para essas indústrias e menos comprometida com a transição ambiental.

O cenário futuro ainda traz muitos pontos a serem analisados, mas os destaques iniciais incluem a alta dos juros longos, o fortalecimento do dólar e a desvalorização das moedas emergentes, como o peso mexicano e o real.

Fonte: Paulo Gala

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