Número de pessoas em busca de emprego caiu para 6,8 milhões, o menor em quase década ou, mais precisamente, desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014
A taxa de desemprego no país caiu para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, segundo divulgou o IBGE nesta sexta-feira, 29. Trata-se do menor patamar entre os 152 trimestres móveis que compõem a sua série histórica, iniciada em 2012.
O desemprego recuou 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre de maio a julho de 2024 (6,8%) e caiu 1,4 ponto percentual frente ao mesmo trimestre móvel de 2023 (7,6%).
O número de desempregados caiu para 6,8 milhões. Foi o menor contingente de pessoas em busca de emprego em quase década ou, mais precisamente, desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014.
O resultado veio dentro do esperado. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 6,2% no período.
Recorde de brasileiros ocupados
Segundo o IBGE, a menor taxa de desemprego da série histórica é explicada pelos seguidos recordes no número de pessoas ocupadas no país. São 103,6 milhões de trabalhadores (máxima histórica), sendo 53,4 milhões de empregados no setor privado (recorde), dos quais 39 milhões tinham carteira assinada (recorde) e 14,4 milhões eram empregados sem carteira (recorde). O número de empregados no setor público (12,8 milhões) também foi recorde. Com isso, a proporção de pessoas com 14 anos ou mais de idade que estavam trabalhando (nível de ocupação) chegou ao maior percentual já registrado pela pesquisa PNAD Contínua: 58,7%.
A taxa de informalidade (proporção de trabalhadores informais na população ocupada) foi de 38,9%, o que equivale a 40,3 milhões de trabalhadores informais. O indicador subiu frente ao trimestre encerrado em julho (38,7 %, ou 39,4 milhões), mas caiu na comparação interanual (39,1 % ou 39,2 milhões).
Massa de rendimento dos trabalhadores cresce 2,4%
O rendimento real habitual chegou a R$ 3.255, sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre e com alta de 3,9% no ano. Já a massa de rendimento real habitual (a soma das remunerações de todos os trabalhadores) chegou a R$ 332,6 bilhões, com alta de 2,4% (mais R$ 7,7 bilhões) no trimestre e 7,7% (mais R$ 23,6 bilhões) no ano.
“Embora o rendimento médio não tenha mostrado variação estatisticamente significativa frente ao trimestre móvel anterior, a massa de rendimentos cresceu nas comparações trimestral e anual, devido ao aumento do número de pessoas trabalhando e recebendo rendimentos”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE.
Repercussão e impacto na Selic
Um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego muito baixa, levanta pontos positivos e negativos. Se por um lado o maior número de pessoas ocupadas favorece a atividade econômica, por outro complica o controle da inflação, destacadamente com a pressão sobre os preços dos serviços.
No início do mês, o Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, a 11,25%, e deve realizar novo aumento no início de dezembro, em meio a um cenário inflacionário desafiador, atividade econômica sólida e graves preocupações fiscais.
O economista André Perfeito afirma que o resultado de outubro “é uma ótima notícia”, mas destaca que melhoras na atividade real são contabilizadas como pressões inflacionárias difusas, que por sua vez exigem mais juros.
“Provavelmente o Banco Central brasileiro terá que elevar o ritmo de alta da Selic em dezembro, nem que seja de maneira pontual, para mais que 50 pontos base, muito provavelmente 75 pontos. Desta forma a taxa Selic deve fechar 2024 em 12%”, avalia.
Fonte: Isto é
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