Como o conflito entre Israel e Irã afeta a logística brasileira?

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Setor logístico busca formas de driblar os reflexos da guerra enquanto torce para que os ataques e contra-ataques entre Israel e Irã não interrompam de vez os fluxos de petróleo no Oriente Médio.

Se a guerra entre Irã e Israel não está no radar das empresas brasileiras é urgente que esteja. No mundo globalizado, um conflito dessa proporção tem potencial para afetar a economia e os custos da cadeia logística em qualquer lugar do planeta.

O Oriente Médio concentra grande parte da produção mundial de petróleo e o aumento nos preços dessa commodity impacta severamente o mercado internacional. No início de outubro, logo depois de o Irã disparar mísseis contra Israel em resposta aos ataques ao Hezbollah, o petróleo subiu 9%, o maior avanço semanal desde março de 2023.

Foto: TCP

Agora imagine se, como retaliação, Israel decidisse bombardear a principal instalação do Irã na Ilha Kharg, responsável por 90% das exportações iranianas de petróleo? E se, em novas ofensivas, o Irã atacasse estados do Golfo considerados apoiadores de Israel?

No Brasil, mesmo com os esforços do governo federal para evitar o aumento no preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha, o impacto econômico do conflito no Oriente Médio já é inevitável. Se segurar demais o preço interno, a Petrobras tem prejuízo. Do contrário, o reflexo é o aumento da inflação. Ou seja, qualquer cenário acende o alerta, já que a cotação do petróleo no mercado global é uma parte da equação para a formulação dos preços no Brasil. Para a logística nacional, isso significa aumento direto nos custos.

A péssima notícia para um país onde o diesel costuma ser mais alto do que em outras regiões do mundo traz como consequência o encarecimento do frete, complicações em rotas internacionais, redução na agilidade e na eficiência logística, além do aumento de preços para o consumidor.

A única saída para o setor logístico é buscar formas de driblar os reflexos da guerra enquanto torce para que os ataques e contra-ataques entre Israel e Irã não interrompam de vez os fluxos de petróleo no Oriente Médio.

Um perigo maior é que o Irã retalie interrompendo o fluxo de petróleo do Estreito de Ormuz, o ponto de estrangulamento petrolífero mais crítico do planeta. Uma interrupção no Estreito de Ormuz pode elevar os preços do petróleo acima de US$ 100 o barril, de acordo com a ClearView. Mais precisamente, cerca de 30% do petróleo do mundo é levado pelo ponto geográfico na costa do Irã, além de 20% do transporte mundial, sendo considerada uma das principais rotas de comércio mundiais.

Foto: Claudio Neves

Em tal cenário, os mercados globais de petróleo estariam em águas desconhecidas, com os preços do petróleo provavelmente experimentando um pico acentuado e significativo bem além dos recordes anteriores. Então, é certo dizer que o conflito não está tão “distante” de nós como gostaríamos, afinal, picos acentuados no preço dessa commodity nos afetam, e muito.

As principais diretrizes para as empresas de logística que desejam sair dessa encruzilhada envolvem, em primeiro lugar, a análise das ameaças do conflito em nossos negócios.

Estimar o impacto do aumento dos combustíveis no custo logístico final é tão importante quanto fazer um planejamento estratégico de contingência amparado em soluções logísticas inovadoras.

Investir em tecnologias integradas para uma gestão operacional mais rigorosa e visível, de ponta a ponta, é uma das alternativas mais eficazes. Isso porque a integração de processos logísticos não traz ganhos apenas em agilidade e eficiência, mas otimiza os custos e gera economias significativas ao longo de toda a cadeia de suprimentos.

Por meio da otimização da cadeia logística e de um olhar integrado, o setor consegue a tão desejada redução de trade-offs e o aumento de competitividade – dois fatores determinantes para ter fôlego necessário em períodos de sensibilidade.

Fonte: Por Vasco Oliveira, CEO da nstech / Foto: Mapa

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