UNICEF: 40 milhões de crianças estão sem acesso a cuidados na primeira infância no mundo

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Publicado em 23/07/2020Atualizado em 23/07/2020

Pelo menos 40 milhões de crianças em todo o mundo estão sem acesso a cuidados essenciais na primeira infância, de acordo com documento publicado na quarta-feira (22) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Isso inclui acesso presencial a creches, centros de assistência social e outros serviços, que estão fechados devido à COVID-19.
A análise mostra que o distanciamento social deixou muitos pais e mães com dificuldades para equilibrar os cuidados infantis e o emprego remunerado, com um ônus desproporcional para as mulheres que, em média, se ocupam três vezes mais com os cuidados e os trabalhos domésticos.

Pelo menos 40 milhões de crianças em todo o mundo estão sem acesso a cuidados essenciais na primeira infância, de acordo com documento publicado na quarta-feira (22) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Isso inclui acesso presencial a creches, centros de assistência social e outros serviços, que estão fechados devido à COVID-19.

Produzido pelo Innocenti, escritório de pesquisas do UNICEF, o documento analisa a situação dos cuidados infantis em todo o mundo e inclui uma análise do impacto dos fechamentos generalizados desses serviços essenciais por causa da COVID-19.

Segundo a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore, as interrupções na educação causadas pela pandemia da COVID-19 estão impedindo as crianças de começar sua educação da melhor maneira possível. “O cuidado na primeira infância e a educação infantil constroem uma base sobre a qual todos os aspectos do desenvolvimento infantil se baseiam. A pandemia está colocando essa base sob séria ameaça”.

O documento “Childcare in a global crisis: The impact of COVID-19 on work and family life” (Cuidado na primeira infância em uma crise global: o impacto da COVID-19 na vida profissional e familiar – disponível somente em inglês) observa que o distanciamento social deixou muitos pais e mães com dificuldades para equilibrar os cuidados infantis e o emprego remunerado, com um ônus desproporcional para as mulheres que, em média, se ocupam três vezes mais com os cuidados e os trabalhos domésticos.

Os fechamentos também expuseram uma crise mais profunda para famílias de crianças pequenas, especialmente em países de baixa e média renda, muitos dos quais já não tinham acesso a serviços de proteção social.

O cuidado na primeira infância é essencial para fornecer às crianças serviços, carinho, proteção, estímulo e nutrição integrados e, ao mesmo tempo, capacita meninas e meninos para que desenvolvam habilidades sociais, emocionais e cognitivas.

Antes da pandemia da COVID-19, instalações de cuidados com crianças, muitas delas de baixa qualidade ou inacessíveis, ou muito caras, forçaram muitos pais, mães ou responsáveis a deixar crianças pequenas em ambientes inseguros e pouco estimulantes, em um ponto crítico de seu desenvolvimento, com mais de 35 milhões de crianças com menos de 5 de idade, em todo o mundo, deixadas algumas vezes sem a supervisão de um adulto.

De um total de 166 países, menos da metade oferece programas gratuitos por pelo menos um ano, caindo para apenas 15% entre os países de baixa renda.

Muitas crianças pequenas que permanecem em casa não recebem o apoio precoce à aprendizagem e às brincadeiras de que precisam para um desenvolvimento saudável. Em 54 países de baixa e média renda com dados recentes, cerca de 40% das crianças com idades entre 3 e 5 anos não estavam recebendo estímulo socioemocional e cognitivo de nenhum adulto em sua casa.

A falta de opções de instalações voltadas aos cuidados com as crianças, na assistência social e na educação, também deixa muitos responsáveis, principalmente mães que trabalham no setor informal, sem outra opção a não ser levar suas crianças pequenas para o trabalho. Mais de nove em dez mulheres na África e quase sete em dez na Ásia e no Pacífico trabalham no setor informal e não têm nenhum acesso a qualquer forma de proteção social. Muitos pais e mães ficam presos nesse emprego pouco confiável e mal remunerado, contribuindo para os ciclos intergeracionais de pobreza, diz o relatório.

O acesso a cuidados na primeira infância e à educação infantil de qualidade e acessíveis é fundamental para o desenvolvimento das famílias e das sociedades socialmente coesas. O UNICEF defende cuidados na primeira infância acessíveis e de qualidade, incluindo desde o nascimento até os seis anos de vida.

A análise oferece orientação sobre como governos e empregadores podem melhorar suas políticas de cuidados na primeira infância e educação infantil, inclusive permitindo que todas as crianças acessem centros de cuidados infantis de alta qualidade, apropriados à idade, e acessíveis, independentemente das circunstâncias da família.

A orientação também descreve políticas adicionais para a família, incluindo:

– Licença parental paga para todos os pais e mães, para que não haja diferença entre o fim da licença parental e o início dos cuidados infantis acessíveis;
– Arranjos de trabalho flexíveis que atendam às necessidades dos pais, mães e responsáveis que trabalham;
– Investimento na força de trabalho de cuidado infantil não familiar, incluindo treinamento;
– Sistemas de proteção social, incluindo transferências de renda que atinjam famílias que trabalham em empregos não formais.

“A pandemia do COVID-19 está piorando ainda mais a crise global de cuidados na primeira infância”, afirmou a diretora-executiva do UNICEF. “As famílias precisam do apoio de seus governos e empregadores para enfrentar esta tempestade e proteger o aprendizado e o desenvolvimento de suas crianças”.

Fonte: ONU Brasil

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