Por Wellington Fernandes da Silva Junior – CRMSP 165007
A leucemia linfoblástica aguda de linhagem B (LLA-B) é uma neoplasia hematológica agressiva que demanda tratamento especializado. A quimioterapia convencional continua sendo a base do tratamento, porém, a toxicidade associada e os desafios clínicos enfrentados por muitos pacientes motivam a busca por abordagens terapêuticas inovadoras¹. Dentro desse contexto, a imunoterapia com anticorpos biespecíficos tem sido estudada como uma alternativa com potencial impacto na evolução da doença.

Os anticorpos biespecíficos atuam direcionando as células T do sistema imunológico contra os blastos leucêmicos, promovendo sua eliminação de forma mais seletiva do que os tratamentos citotóxicos convencionais. Estudos clínicos indicam que essa estratégia pode apresentar benefícios em relação à sobrevida livre de doença e à sobrevida global em determinados subgrupos de pacientes².
Além disso, há evidências de que essa modalidade terapêutica pode contribuir para a redução da necessidade de transplante de medula óssea, intervenção associada a riscos elevados e impacto significativo na qualidade de vida³.

A administração dessa terapia ocorre por infusão contínua através de um cateter de longa permanência, exigindo infraestrutura adequada para monitoramento dos pacientes. Eventos adversos como febre, hipotensão e sintomas neurológicos podem ocorrer, sendo essencial um manejo cuidadoso dentro da prática clínica4. Em comparação com a quimioterapia convencional, essa abordagem pode apresentar um perfil de toxicidade diferenciado, potencialmente reduzindo episódios de imunossupressão profunda e infecções graves5.
O acesso a terapias inovadoras é um ponto central no debate sobre a evolução do tratamento da LLA-B, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). A ampliação das opções terapêuticas disponíveis deve ser pautada em critérios técnicos e científicos, garantindo que os pacientes tenham acesso a abordagens baseadas em evidências robustas. O diálogo entre sociedades médicas, instituições de pesquisa e órgãos regulatórios é fundamental para a incorporação responsável de novas estratégias terapêuticas.
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*Wellington Fernandes da Silva Junior, Médico Hematologista do Grupo de Leucemias Agudas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP, FMUSP) – CRMSP 165007.
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Fonte: Medicina S/A / Foto: Reprodução