A exposição Ecos Malês, dedicada à memória e resistência negra relacionada à Revolta dos Malês, teve sua temporada estendida até o dia 31 de agosto na Casa das Histórias de Salvador. Prevista para encerrar em junho, a mostra registrou mais de 45 mil visitantes desde sua inauguração em novembro de 2024, evidenciando o interesse do público e a relevância da temática para a cultura afro-brasileira.
Com curadoria de João Victor Guimarães e co-curadoria de Mirella Ferreira, a exposição reúne 114 obras de 48 artistas, distribuídas em três núcleos expositivos: Encontrar, Ruas da Revolta e Inventar (Liberdade e Defesa). Cada núcleo aborda aspectos distintos da revolta e seu impacto na Salvador contemporânea, por meio de diferentes linguagens artísticas, como esculturas, pinturas, fotografias, gravuras, colagens e intervenções.
O núcleo Encontrar focaliza a união entre os Malês e experiências de resistência e afeto, explorando identidade e laços familiares. Ruas da Revolta reconstrói o espaço urbano do levante, trazendo reflexões sobre território, propriedade e transformação social, incluindo atualizações recentes para ampliar o diálogo com o público. Já o núcleo Inventar aborda espiritualidade, cultura e fé como pilares da resistência negra, evidenciando a luta por liberdade e defesa.
Além do conteúdo artístico, Ecos Malês estimula o debate público sobre a valorização da memória histórica negra, destacando episódios pouco abordados, como a localização do cemitério de escravizados no bairro de Nazaré, tema da obra “Cemitério Reaparecido”, da artista Silvana Olivieri.
A assistência de curadoria é realizada por Ana Clara Nascimento, Breno Silva e David Sol, com coordenação de produção de Leonardo Góis e expografia assinada por Gisele de Paula. A pesquisa histórica foi conduzida por Gabriela Leandro Gaia, com auxílio de David Sol.
Artistas destacados por núcleo
- Encontrar: Caio Rosa, Gil Scott-Heron, Helen Salomão, Jamile Cazumbá, Luan Gramacho, Luciano Carcará, Pierre Verger, Rafael Ramos, Rona, Voltaire Fraga, Wilson Tibério, Yan Nicolas.
- Ruas da Revolta: Ação Cemitério Desaparecido, Diego Crux, Jacopo, Malê Debalê, Mayara Ferrão, Pedro Marighella, Rose Afefé, Ventura Profana.
- Inventar (Liberdade e Defesa): Antônio Pulquério, AZA, Bertô, Caio Rosa, Cipriano, Coletivo Arquiteturas da Revolta, Daniel Jorge, Édson da Luz, Gustavo Moreno, Hal Wildson, Ismael David, Jasi Pereira, João Nascimento, Junaica Barbosa, Karamujinho, Kauam Pereira, Lila Deva, Lucas Cordeiro, Simba, Ventura Profana.
Sobre a Casa das Histórias de Salvador
A Casa das Histórias de Salvador (CHS) é um equipamento cultural da Prefeitura de Salvador e o primeiro centro de interpretação do patrimônio no Brasil. A instituição utiliza reproduções, conteúdos digitais e linguagens interativas para estimular a reflexão sobre os patrimônios materiais e imateriais da cidade. A gestão da CHS é realizada pela Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), por meio de acordo executivo de cooperação internacional.
Fonte: Jornal Grande Bahia / Foto: ASCOM