Sobre o destino do Paço de São Cristóvão/Museu Nacional

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DE: REDAÇÃO DISPARADA

Por Christian Lynch – De acordo com o Portal Disparada, o edifício central da Quinta da Boa Vista foi Paço Imperial desde 1808 até 1889. Só jacobinos desvairados e anacrônicos, ou indiferentes à história, podem se opor à ideia de restaurá-lo como no período, às vésperas do bicentenário da independência.

Por outro lado, o palácio nunca foi inteiramente um “palácio” no sentido europeu no termo. Era um grande casarão modesto, que só era “imperial” em arquitetura e decoração em certas e determinadas alas. Os testemunhos da época diziam até que o paço era “um par de casas velhas”.

De fato, o paço imperial era tão modesto, que a república preferiu se abrir em lugares mais luxuosos ou palacianos, como o Catete e o Itamaraty. Então, também é exagero achar que é possível restaurar o lugar de modo a transformá-lo no que nunca foi.

O bom senso recomenda fazer como o Louvre: restaurar certos apartamentos como palácio imperial. Para isso, além da restauração propriamente dita, é preciso recuperar o mobiliário original do paço, que está parte no Museu Mariano Procópio, e em Petrópolis, sem depená-los.

Penso aqui nas alas frontais do paço, como a sala do trono, a sala dos embaixadores, a capela, o quarto dos imperadores, o gabinete, a biblioteca etc. O restante do palácio, que é imenso – os outros 70% – podem perfeitamente ter interiores modernos e comportar o Museu Nacional, ou seja, o Museu de História Natural do Brasil.

A incompatibilidade entre museu histórico do império e museu de história natural é uma invenção ideológica. A maior parte do palácio nunca teve interesse arquitetônico. Pode-se ter o museu imperial nas alas fronteiras e o museu de história natural nas demais.

O próprio museu nacional, que frequentei desde criança até às vésperas incêndio, só ocupava 1/4 do prédio ou menos. E é claro que ali não é lugar adequado para o funcionamento do venerando programa de pós graduação em antropologia, que merece instalações adequadas.

Em linhas gerais, é isso. O paço imperial de São Cristóvão e o museu nacional podem estar perfeitamente no mesmo lugar, como o Louvre. O resto é papo furado, brigalhada ideológica oca, ou luta de esqueletos monarquistas e republicanos em um cemitério.

Tenhamos bom senso uma vez na vida.

Por: Christian Edward Cyril Lynch.

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