Pessoas que sobreviveram a um ataque cardíaco têm maior probabilidade de sofrer um novo episódio em até cinco anos
O controle do colesterol é fundamental para prevenir doenças cardiovasculares, como o derrame e o infarto. Mas em pacientes que já passaram por um episódio de ataque cardíaco, esse cuidado passa a ser ainda mais importante. É o que alerta o cardiologista Eduardo Lima, professor colaborador da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Segundo o especialista, a aterosclerose, condição provocada pelo acúmulo de colesterol ruim (LDL) nas paredes das artérias, é uma das principais causas de doenças cardiovasculares. Quando essas placas de gordura se rompem, elas formam coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo, resultando em infarto ou em AVC (acidente vascular cerebral).
Pessoas que já tiveram um infarto devem manter o LDL abaixo de 50 mg/dL, enquanto aquelas que sofreram mais de um evento cardiovascular (como um infarto e um AVC) precisam atingir níveis inferiores a 40 mg/dL. Os parâmetros foram atualizados na mais recente Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, publicada pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia). Isso acontece porque pessoas que sobreviveram a um infarto têm maior probabilidade de sofrer um novo ataque cardíaco em até cinco anos.
“Para alcançar índices tão baixos de colesterol, além de uma alimentação equilibrada e da prática regular de atividade física, sempre sob supervisão profissional, é indispensável o uso de medicamentos que auxiliam na regulação dessas taxas”, afirma Lima.
Como controlar o colesterol?
Diversos fatores estão associados ao colesterol alto, como o sedentarismo, a obesidade, a má alimentação e o tabagismo. Também existe a possibilidade de ele estar associado às questões genéticas.
O primeiro passo para diminuir o colesterol ruim é realizar mudanças no estilo de vida, adotando uma alimentação rica em fibras, frutas, vegetais e gorduras boas, e reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados e gorduras saturadas. A prática de atividade física e a cessação do tabagismo também são importantes.
Em casos em que o colesterol continua alto mesmo após essas mudanças, especialmente quando há um risco cardiovascular elevado, podem ser receitados medicamentos, como estatinas, ezetimiba ou, em casos mais graves, inibidores de PCSK9.
Outro tratamento em expansão é realizado com o uso de injeções, como a inclisirana, aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), indicada para adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica ou não familiar) e dislipidemia mista e da classe terapias anti-PCSK9. O medicamento é aplicado a cada 6 meses.
No entanto, o medicamento ainda não é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Recentemente, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) abriu consulta pública n° 163 para avaliar a incorporação deste medicamento no rol de cobertura dos planos de saúde, e a população pode participar para ampliar as opções de tratamento para os pacientes.
Segundo os especialistas consultados pela CNN Brasil, é possível reverter o quadro de colesterol alto a partir do tratamento adequado, principalmente se identificado precocemente e se a condição estiver relacionada ao estilo de vida.
“Quando o quadro tem influência genética, é mais complicado conseguir atingir níveis de colesterol aceitáveis sem o uso de medicações”, afirma o cardiologista Marcelo Bergamo. “Mas o processo não caminha só com o medicamento. É importante que o paciente tenha uma boa qualidade de vida”, finaliza.
*Com informações de matéria publicada em 08/08/25 na CNN Brasil