A dupla Alexandre Gois e Joaquim Pessoa lançou o álbum “Valei-me”, trazendo às plataformas digitais um trabalho construído a partir de referências estéticas, leituras e reflexões que orientaram a criação de novas composições. O projeto apresenta oito faixas inéditas, alinhadas por uma proposta centrada em cordas e percussões, articulando elementos simbólicos associados à cultura do Nordeste.
O título, extraído de uma expressão popular marcada por sentidos de pedido, proteção ou surpresa, orienta o conceito geral do disco e reforça a intenção de conectar sonoridades, narrativas e tradições. Segundo os artistas, a estrutura do álbum foi desenhada a partir de um diálogo contínuo sobre temas que integram questões culturais e comportamentais.
A obra sucede o álbum “Desassossego”, que contou com versões de estúdio e gravações ao vivo, além de quatro singles lançados anteriormente. O novo trabalho, gravado sem edição para simular um set ao vivo, foi produzido pela dupla em parceria com Carlinhos Borges, incorporando escolhas técnicas que reforçam a organicidade proposta para o disco.
Processo criativo e estrutura musical
O conceito antecedeu as composições, orientando a construção das faixas e estabelecendo uma base musical sustentada por violão, bandolim e percussões. De acordo com Joaquim Pessoa, o desenho inicial definiu a moldura que guiou o desenvolvimento das canções, resultando em um conjunto alinhado tanto esteticamente quanto discursivamente.
Alexandre Gois destaca que as músicas surgiram de referências compartilhadas, articuladas às leituras e reflexões que ambos vinham acumulando. Os artistas mencionam temas como marcas históricas, traços culturais e inquietações contemporâneas, que influenciaram diretamente o repertório.
A dupla aponta que cada faixa integra elementos associados ao cotidiano, à memória e às experiências pessoais e coletivas. O álbum inclui composições como “Ama”, “Meninas de Cabul”, “Fogo”, “Frevin 3”, “Mandinga”, “Mãe Rainha” e “Ipê”, que se distribuem entre abordagens narrativas, reflexivas e rítmicas.
Território, identidade e circulação da música pernambucana
Os artistas afirmam que o trabalho dialoga com características urbanas e culturais do Recife, destacando o papel do território na construção das identidades musicais. A dupla reforça que sua formação está vinculada ao contexto local, embora influenciada por conteúdos diversos do Brasil e do exterior.
Alexandre Gois observa que a música pernambucana ainda enfrenta limitações de circulação nacional, mesmo com a força histórica e a relevância cultural que apresenta. Para ele, classificações como “música regional” não refletem a complexidade da produção local.
Joaquim Pessoa acrescenta que Pernambuco e o Nordeste constituem fontes contínuas de criação artística, ressaltando a importância de preservar vínculos com a origem e de representar o local de forma integrada às transformações contemporâneas da música brasileira.
Confira vídeo
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