A Concessionária Ponte Salvador–Itaparica lançou o livro fotográfico Ilha de Itaparica – Onde o Mar Abraça a Bahia, obra inédita que reúne 100 imagens produzidas ao longo de um ano de imersão do fotógrafo baiano Kiko Silva nos municípios de Vera Cruz e Itaparica. A publicação documenta modos de vida, manifestações culturais, práticas religiosas, festas populares e o cotidiano de pescadores e marisqueiras, consolidando-se como registro de preservação do patrimônio natural e imaterial da Ilha de Itaparica no contexto da implantação de um dos maiores projetos de infraestrutura do país.
Registro cultural e preservação da memória
Mais do que um trabalho artístico, o livro se apresenta como um documento de memória coletiva. As imagens percorrem o cotidiano das comunidades tradicionais da ilha, evidenciando saberes transmitidos entre gerações, rituais religiosos, celebrações populares e a relação histórica entre população, mar e território.
A obra nasce de um processo de aproximação cuidadoso com as comunidades locais, sustentado por diálogo, escuta ativa e respeito às práticas culturais. O resultado é um conjunto de fotografias que privilegia a observação prolongada e a fidelidade aos contextos registrados, evitando registros superficiais ou episódicos.
Ao reunir expressões materiais e imateriais da ilha, o livro contribui para a valorização de identidades locais frequentemente invisibilizadas em processos de transformação territorial associados a grandes obras.
Um ano de imersão fotográfica na ilha
Intitulado Ilha de Itaparica – Onde o Mar Abraça a Bahia, o livro reúne imagens captadas ao longo de 12 meses de imersão do fotógrafo Kiko Silva nos municípios de Vera Cruz e Itaparica. O trabalho exigiu retornos sucessivos aos mesmos locais, em diferentes períodos do ano, permitindo a construção de narrativas visuais mais densas e contextualizadas.
Segundo o fotógrafo, o projeto demandou tempo e relações de confiança. “O trabalho exigiu escuta e respeito aos rituais, com acesso construído a partir de relações de confiança e do entendimento de que a fotografia ali tinha o papel de documentar práticas históricas”, afirmou.
A metodologia adotada priorizou a convivência com as comunidades, o acompanhamento de ciclos festivos e produtivos e a observação contínua do território, resultando em imagens que refletem maturidade estética e compromisso documental.
Vínculo afetivo e percurso territorial
A relação de Kiko Silva com a Ilha de Itaparica antecede o projeto editorial. Frequentador do território desde a infância, o fotógrafo percorreu toda a extensão da ilha, de Itaparica a Cacha-Prego, incorporando ao trabalho sua experiência prévia e vínculos afetivos com o local.
Esse histórico contribuiu para uma abordagem menos invasiva e mais integrada às dinâmicas locais. O percurso incluiu zonas urbanas, áreas costeiras, comunidades tradicionais e espaços de práticas religiosas, compondo um mosaico visual que articula diversidade cultural e paisagens naturais.
O resultado é um registro que evita estereótipos e busca compreender a ilha como um território vivo, marcado por continuidades históricas e transformações contemporâneas.
Compromisso institucional com cultura e território
Para a Concessionária Ponte Salvador–Itaparica, a publicação representa um compromisso público com a preservação cultural e ambiental do território onde será implantado o empreendimento. No texto de apresentação do livro, a concessionária afirma que “o progresso só é legítimo quando caminha ao lado da cultura, da memória e do sentimento de pertencimento”.
A iniciativa busca afirmar que projetos de grande porte devem ser precedidos por conhecimento aprofundado do território e de suas populações, reconhecendo valores históricos, sociais e simbólicos que não podem ser dissociados do desenvolvimento econômico.
Nesse sentido, o livro integra uma estratégia institucional de valorização do patrimônio imaterial, funcionando como instrumento de diálogo e reconhecimento das comunidades locais.
Circulação institucional e acesso público qualificado
A obra terá circulação institucional, com distribuição direcionada às comunidades da ilha, bibliotecas, autoridades públicas e atores estratégicos. O objetivo é garantir que o material cumpra função educativa, cultural e documental, ampliando o acesso a registros qualificados sobre a Ilha de Itaparica.
De acordo com Carlos Prates, gerente de Comunicação e Relações Institucionais da concessionária, “antes de implantar qualquer grande projeto, é fundamental conhecer profundamente o território e as pessoas que vivem nele”. Segundo ele, o livro integra esse processo de escuta, reconhecimento e diálogo com a ilha.
A distribuição planejada reforça o caráter público da iniciativa e sua vocação para preservação da memória coletiva.
Fonte: Jornal Grande Bahia
