Ator de ‘Sweet Tooth’ diz que criança híbrida é símbolo de esperança

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“Sweet Tooth”, série que estreou no começo do mês na Netflix, poderia retratar a nossa realidade atual

POR FOLHAPRESS – Domingo, 20 de junho de 2021

Um vírus desconhecido dizima boa parte da população. Quem fica, tem que viver isolado em pequenos grupos. Não fossem os seres híbridos que passam a habitar o planeta, a trama de “Sweet Tooth”, série que estreou no começo do mês na Netflix, poderia retratar a nossa realidade atual.

A produção, porém, encanta mesmo é com as crianças, metade humanas e metade diversos animais. O protagonista é Gus, interpretado por Christian Convery, 11, que tem chifres e orelhinhas de cervo.
Na trama, as crianças híbridas são caçadas porque, como surgiram na mesma época em que o vírus, as pessoas acreditam que elas sejam culpadas pelo aparecimento e pela disseminação dele. Gus vive isolado com o pai na floresta, até que este morre e ele precisa se virar sozinho.


Ao descobrir que a mãe, que ele acreditava estar morta (pode estar viva), ele parte em uma jornada para encontrá-la, se deparando com perigos, mas também agregando aliados. “Gus é uma pessoa cheia de esperança”, comenta o intérprete em bate-papo com a imprensa internacional, do qual o F5 participou.


“Ele confia em todo mundo que conhece, a personalidade dele é assim”, diz. “A curiosidade e o otimismo dele são sempre maiores que tudo e ele está sempre confiando que poderá fazer um novo amigo.”


Adaptada de uma história em quadrinhos homônima, lançada pelo canadense Jeff Lemire em 2009, a trama ganhou ares mais fofos e menos violentos na transposição para as telas. Isso agradou ao jovem ator, que pôde ler algumas passagens com a mãe.


“A HQ é bem obscura e eu gostei bastante que os roteiristas fizeram a série ser mais palatável para toda a família”, avalia. “Assim a família toda pode assistir e receber essa mensagem de esperança”, diz o ator.
Convery conta que a caracterização era demorada, mas que com o tempo eles foram ganhando agilidade para transformá-lo no menino-cervo. “A primeira vez que fizemos demorou uma hora e meia, foi muito demorado”, diz. “Depois fomos conseguindo baixar para 50 minutos, 40 minutos, até que no final já fazíamos em 20 minutos.”

Ele explica que as orelhas do personagem -um dos destaques da série, pois elas se mexem com muita naturalidade enquanto ele fala- foram fruto de um trabalho coletivo. “Na verdade, elas são controladas por um titereiro [artista que trabalha com marionetes], que ficava perto da câmera observando os meus movimentos”, revela. “Ele ia mexendo conforme as minhas emoções e o que eu estava ouvindo ou vendo.”
Segundo os produtores Jim Mickle e Beth Schwartz, Convery foi um achado dos diretores de elenco da série. “Nós vimos muitos garotos, mas ele foi um dos primeiros e nos encantou logo de cara, ficamos apaixonados”, confessa Mickle.

Jim Mickle conta que a ideia inicial era convidar o primo de Christian, Christopher, que havia participado da série “Stranger Things” (ele interpretou Billy quando criança). “Ele já estava um pouco velho para o papel, mas foi quando o Christian apareceu”, lembra.


Durante sua jornada, Gus se aproxima de Jepperd (ou Grandão, como ele prefere chamar). Trata-se de um homem com um passado trágico e que preferia estar sozinho, mas o espevitado híbrido não deixa que isso ocorra. Apesar da resistência inicial, os dois se tornam grandes amigos.


O ator mirim conta que teve pouco tempo para conhecer o parceiro de cena, Nonso Anozie, antes de começar a filmar. “Foram menos de 15 minutos”, lembra. “Eu o conheci quase na hora de filmar.”

Anozie diz que a intimidade que eles mostram na tela foi fruto da vontade de fazer um bom trabalho juntos. “A gente não se conhecia nem virtualmente, não fizemos leituras nem testes de câmera. A nossa conexão, porém, foi imediata. No momento em que o vi, senti como se fosse meu irmão caçula. Ambos estávamos abertos para a ideia de passar por essa jornada juntos.”


O ator fala sobre a relutância de Jepperd em aceitar Gus na vida dele. “Ele está a salvo e fica irritado de ficar ligado a alguém que vai tornar tudo mais difícil”, diz. “Mas quando a história vai se desenvolvendo, você vê como o otimismo, a curiosidade e a esperança desse garoto é algo que Jepperd não vê havia anos, porque todos estão afetados pelo que ocorreu no mundo. Então, ele começa a lembrar do homem que um dia já foi.”


Sobre as diferenças entre a versão nas telas e nos quadrinhos, o ator diz acreditar que, mesmo numa versão mais light, a essência de Jepperd foi mantida. “Tem momentos em que você vê que ele não é tão doce quanto a cara dele sugere”, avalia. “Acredito que é quando a produção mais se aproxima da HQ.”


Feliz com a adaptação, o autor Jeff Lemire conta que, apesar de parecer que sabe prever o futuro, ele apenas tentou criar uma história original. “Naquela época, era impensável tudo o que está acontecendo”, afirma. “Eu amo ficção científica e tramas sobre mundos pós-apocalípticos, então quis fazer minha versão de uma dessas histórias.”
“O fato de a série estar estreando neste momento é bizarro”, admite. “Para mim, é ainda mais esquisito, porque eu dei o nome de Gus ao personagem por causa do meu filho, que era bebê, e agora está com a mesma idade dele e vivendo também uma pandemia. São paralelos muito estranhos, que ficavam me assombrando, mas não sou vidente, são só coincidências estranhas.”

“SWEET TOOTH”
Quando:Disponível on demand
Onde: Na Netflix
Classificação: 14 anos
Elenco: Christian Convery, Nonso Anozie, Neil Sandilands, Stefania LaVie Owen, Dania Ramirez, Naledi Murray, Adeel Akhtar, Aliza Vellani e James Brolin, entre outros. Informações do site Notícias ao Minuto.

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