Com a triste marca de meio milhão de vidas perdidas para a covid-19 no Brasil atingida neste sábado (19), o fim da pandemia continua como um sonho distante. Na Bahia, a situação é desafiadora: apesar da implantação contínua do toque de recolher completar quatro meses no próximo dia 26 de junho, o número de infectados e óbitos tem entrado num patamar de estabilidade preocupante. O Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen-BA) continua a receber uma média diária de 5 mil amostras para análise, e quase a metade tem apresentado resultado positivo. Arabela Leal, diretora do Lacen, considera a taxa de transmissão da covid-19 na Bahia alta. “Nós tivemos esse resultado em torno do ano todo, desde quando a gente entrou em 2021. Tivemos quatro semanas onde a positividade ultrapassou os 50%”, comentou, preocupada.
Ela vislumbra um aumento na quantidade de novos casos nas próximas duas semanas, por conta dos festejos juninos. “Se as pessoas se aglomeram, elas fazem com que haja a transmissão do vírus de um para outro. Essa taxa de transmissibilidade reflete isso”. Nessas festas, que durante a pandemia se mantiveram firmes e fortes mesmo com as proibições consecutivas por parte do poder público, a maior parte dos participantes são jovens, que hoje representam a maior fatia acometida pela covid-19. Juntas, as faixas de 20 a 29 e de 30 a 39 anos reúnem 455.209 casos confirmados. Essa mudança no perfil do contaminado se reflete na situação da Central Estadual de Regulação: até o meio-dia de ontem, constavam 75 solicitações de internamento em leitos de UTI adulto, segundo o último boletim divulgado pela Sesab. Como consequência, a taxa de ocupação não sai dos 80% no Estado; neste domingo, ficou em 81%.
Em Salvador, quase metade das unidades exclusivas para o tratamento da covid-19 está com o alerta vermelho no máximo, com as UTIs adultas perto do esgotamento de suas capacidades. Três delas estão praticamente lotadas: o Hospital Salvador e o Alaíde Costa estão com uma taxa de ocupação de 95% nos leitos para casos mais graves, e o hospital de campanha montado no Centro de Iniciação Esportiva de Itapuã registrou 93% de preenchimento das vagas neste domingo. No Hospital Martagão Gesteira, conhecido por seu atendimento às crianças, a UTI infantil se encontra com 80% de lotação, mesma taxa encontrada no Instituto Couto Maia. O espalhamento da variante gamma, letra grega escolhida para designar a mutação brasileira, fez com que a Sesab emitisse um alerta aos municípios em relação às aglomerações que devem ser feitas nos próximos dias. “Com alto potencial de contaminação e risco aumentado para internações, a variante é responsável por 80% das infecções na Bahia”, disse a pasta. A recomendação é de que as comemorações sejam feitas com pessoas do convívio habitual.
Fonte: TRBN