Este domingo, 25 de julho, marca a celebração do Dia da Mulher Negra no Brasil, a data é considerada um marco para reiterar a história de resistência e a luta das mulheres negras.
Internacionalmente, a celebração também é conhecida como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, reconhecida pela ONU desde 1992.
Tereza de Benguela
Já no Brasil, o dia passou a ser comemorado desde 2014, durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Em território brasileiro, esse dia também presta uma homenagem para a líder quilombola Tereza de Benguela, mulher que se tornou heroína para o povo negro do país, principalmente para as mulheres.
Durante o período da escravidão, após a morte do marido, a Rainha Tereza — como ficou conhecida — liderou o Quilombo de Quariterê, localizado no atual estado do Mato Grosso. Na época, sua liderança se destacou.
“Os quilombos foram criados por escravos que conseguiam fugir dessa condição de privação legal de sua liberdade e submissão à produção colonial e julgo de senhores de escravos”, explica Wania Sant’AnnaSant’Anna. doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ.
De acordo com a especialista, os estudos a respeito de Tereza revelam uma liderança de grande importância histórica.
“Ela teria abrigado mais de 200 habitantes, seria autossuficiente na produção de alimentos, realizavam comércio na região, produziam tecidos e utensílios. Outra característica importante e comprovada em fontes históricas tem a ver com sua forma de gestão.”
“Considerando os anos de existência e resistência desse quilombo, incluindo os embates como poder colonial na localidade, essa experiência de gestão da comunidade nos parece muito importante, reflete o grau de organização interna – havia economia e também política nessa estratégia de resistências”, afirmou a historiadora.
Assim como a figura de Zumbi dos Palmares e muitos outros líderes quilombolas, Tereza de Benguela também foi muito importante, é preciso que ela seja lembrada e reconhecida, principalmente quando falamos sobre representatividade, por isso, a Rainha Tereza é homenageada nesta data.
Segundo Sant’Anna, o legado da líder quilombola se refere também a uma história de resistência à escravidão.
“Subverte qualquer ideia de que africanos traficados como escravos para o Brasil foram completamente submetidos ou que aceitaram a condição de escravos sem qualquer tipo de rebeldia, revolta ou construção de alternativas. A escravidão não foi uma experiência pacífica, seja do ponto de vista individual (as fugas demonstram) ou coletivo (a existência dos quilombos, por todo o país atestam)”, afirma.
A luta continua
No último ano, o racismo foi uma pautas mais comentadas na mídia, desde a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, protestos antirracistas dominaram as ruas ao redor do globo.
Fonte: Aventuras na História