Como o Corinthians conseguiu se reforçar em meio a dívidas de R$ 1 bi

Brasil esportes

Sábado, 4 de Setembro 2021

Desde o início da temporada, o Corinthians negociou ou liberou atletas que pesavam no orçamento e não eram muito aproveitados

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No final de maio, o Corinthians começou sua participação no Campeonato Brasileiro com derrota em casa para o Atlético-GO. O momento era de críticas ao técnico Sylvinho e à qualidade do elenco. Os reforços pedidos pela torcida esbarravam em alguns problemas: dívidas de quase R$ 1 bilhão, diversos credores e uma fila de pedidos de bloqueios das contas bancárias do clube.

Três meses depois, foi anunciada a contratação do meia Willian, cria da equipe alvinegra que estava no Arsenal (ING). Ele chegou depois das aquisições dos meio-campistas Giuliano e Renato Augusto e do atacante Roger Guedes. O lateral direito João Pedro chegou por empréstimo do Porto (POR) para ser, inicialmente, reserva de Fagner.

Em campo, o time ocupa a 6ª posição do Nacional. Está na zona de classificação para a fase preliminar da Copa Libertadores de 2022.

Os telefones do presidente Duilio Monteiro Alves e do diretor financeiro têm tocado, confessam ambos, com a pergunta sobre como foi possível tal guinada na administração.

“A gente começou com um planejamento desde o início da gestão [em janeiro deste ano]. A gente teve uma redução considerável na folha de pagamento do departamento de futebol com a saída de muitos atletas e empréstimos. Tivemos uma redução de 20% em todos os departamentos”, disse Duilio para o SporTV.

Desde o início da temporada, o Corinthians negociou ou liberou atletas que pesavam no orçamento e não eram muito aproveitados. Saíram, entre outros, Jemerson, Ramiro, Camacho, Casares, Otero e Boselli. A folha foi reduzida em cerca de R$ 2,5 milhões, alega a diretoria financeira, mesmo com a chegada dos reforços.

A afirmação causa dúvida em conselheiros da oposição, que estimam em cerca de R$ 3,5 milhões mensais os salários somados de Willian, Giuliano, Roger Guedes e Renato Augusto.

Não que a situação tenha mudado no quadro geral. A dívida ainda está em cerca de R$ 980 milhões e Duilio comemora apenas que ela não tenha aumentado. Mais da metade deste valor (R$ 570 milhões) é de curto prazo e deve ser quitada em 12 meses. A diretoria tenta alongar o perfil desse débito para torná-lo pagável.

No mês passado, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,7 milhão das contas bancárias da agremiação por causa de uma dívida com a Federação das Associações dos Atletas Profissionais. Em janeiro, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) cobrou R$ 14 milhões não pagos pela operação do sistema viário próximo à Neo Química Arena em dias de jogos.

Em maio, um bloqueio de R$ 135 mil não achou nenhum dinheiro nas contas do Corinthians em 12 instituições financeiras. A informação foi divulgada pelo Blog do Perrone.

Empresários de futebol disseram à reportagem terem tentado por meses soluções amigáveis para comissões não pagas. O único caminho, segundo eles, foi procurar a Justiça. Pelo orçamento apresentado, o Corinthians precisa arrecadar R$ 95 milhões com vendas de jogadores em 2021. Isso significa que o clube precisará negociar atletas do elenco profissional ou da base para alcançar essa meta até dezembro.

“O problema do Corinthians não é gasto. É gerar receita”, disse ao jornal Folha de S.Paulo no final do ano passado o então presidente Andrés Sanchez.

Na última quarta-feira (1), aniversário do clube, foram anunciados quatro novos patrocinadores. No futebol masculino, o Mercado Bitcoin, uma plataforma de criptomoedas, vai estampar a logomarca na barra frontal da camisa. A Ale, rede de postos de combustíveis, estará ao lado do escudo. Os valores não foram divulgados.

A Spani Atacadista será patrocinadora máster do time feminino. Já a Totvs, empresa de tecnologia, terá a marca no uniforme de basquete.

A socios.com, que fez parceria com o Corinthians para venda do fan token, divulgou ter negociado 850 mil unidades em duas horas nesta quinta-feira (2), primeiro dia em que o recurso esteve disponível. Isso significa uma arrecadação de US$ 1,7 milhão (R$ 8,8 milhões) e o clube deverá ter direito a 50% do valor.

Fan token dá direito aos torcedores influírem em decisões do clube que não sejam estratégicas. Por meio de votações, quem fizer parte do programa pode ajudar a definir atletas que receberão homenagens, frases a serem utilizadas em ações de marketing e sociais do clube e participar de pesquisas de opiniões promovidas pelo clube, entre outras medidas.

Sem contar com mecenas, como é o caso do Atlético-MG, clube que também possui dívida alta e trouxe nomes de peso como Hulk e Diego Costa, o Corinthians se apoia no mercado digital para ter impacto positivo em suas receitas. É um caminho enquanto o time não pode contar com seu estádio cheio de torcedores em razão da pandemia do novo coronavírus. Uma renda que faz falta a todas as agremiações do país.

“Surgiram essas oportunidades [de reforços] para a gente trazer jogadores. Mas tudo é dentro do nosso orçamento, bem planejado e sem nenhum tipo de irresponsabilidade”, completa Duilio Monteiro Alves.

.Fonte: Notícias ao Minuto

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