Dieta rica em fibras pode reduzir o risco de demência, aponta estudo

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Níveis mais altos de fibra alimentar na dieta estão associados a um risco reduzido de desenvolver demência, como mostra pesquisa realizada no Japão

As fibras solúveis podem reduzir o risco de demência quando presentes na dieta. É o que aponta um estudo realizado com mais de 3.500 adultos japoneses, publicado na revista Nutritional Neuroscience.

Já era conhecida pela ciência a capacidade das fibras solúveis de estimular o crescimento de boas bactérias no intestino, o que demonstra que esses achados podem estar relacionados a interações entre o intestino e o cérebro, como afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Mesmo que o risco de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer, seja influenciado pela genética, a alimentação pode ser uma estratégia para interferir positivamente na expressão dos genes. 

Alzheimer é a forma mais comum de demência, caracterizada pela diminuição da cognição. De acordo com a Dra. Marcella, só o Mal de Alzheimer é responsável por 70 a 80% dos casos de demência no mundo, afetando entre 24 a 35 milhões de pessoas em todo o globo. Devido ao envelhecimento da população, estima-se que 1 em 85 pessoas serão acometidas pela doença em 2050.

A importância da fibra

Estão surgindo evidências de que a fibra é importante para um cérebro saudável. O estudo realizado pelos japoneses coletou dados de uma grande pesquisa iniciada ainda na década de 1980. As informações analisadas, portanto, vão de 1985 a 2020. Os pesquisadores dividiram os dados, de um total de 3.739 adultos, em quatro grupos de acordo com a quantidade de fibra em suas dietas. “Eles descobriram que os grupos que ingeriram níveis mais altos de fibra tiveram um risco menor de desenvolver demência”, conta a médica.

A equipe também examinou se havia diferenças para os dois principais tipos de fibra: fibras solúveis e insolúveis. “As fibras solúveis, encontradas em alimentos como aveia e leguminosas, são importantes para as bactérias benéficas que vivem no intestino, além de fornecer outros benefícios à saúde. As fibras insolúveis, encontradas em grãos integrais, vegetais e alguns outros alimentos, são conhecidas por serem importantes para a saúde intestinal. Os pesquisadores descobriram que a ligação entre a ingestão de fibras e a demência foi mais pronunciada para as fibras solúveis”, explica a Dra. Marcella.

Ainda não é certo o que pode estar por trás da ligação entre a fibra alimentar e o risco de demência, mas os pesquisadores têm algumas ideias. De acordo com a especialista, uma possibilidade é que a fibra solúvel regule a composição das bactérias intestinais, o que afeta a neuroinflamação, que desempenha um papel no início da demência. 

“Também é possível que a fibra dietética possa reduzir outros fatores de risco para demência, como peso corporal, sangue, pressão arterial, lipídios e níveis de glicose. O trabalho ainda está em estágio inicial e é importante confirmar a associação em outras populações”, completa a médica.

Dra. Marcella alerta para o baixo consumo de fibras em diferentes países do mundo, como no Brasil e Estados Unidos. “Ao incentivar hábitos alimentares saudáveis com alto teor de fibra alimentar, pode ser possível reduzir a incidência de demência”, finaliza a médica.

Alimentos ricos em fibras solúveis

  • leguminosas, como feijão, lentilha e ervilha;
  • sementes;
  • farelos de aveia, cevada e arroz;
  • frutas;
  • hortaliças.

Fonte: Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga, e MinhaSaúde.

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