Um pesquisador natural de Vitória da Conquista foi agraciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como ganhador do Prêmio José Reis de divulgação científica e tecnológica em 2022.
Alan Alves Brito é docente no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele recebeu a premiação no ano dedicado à categoria ‘Pesquisador e Escritor’. A cerimônia de premiação acontecerá na abertura da 74.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 24 de julho, às 19h, na Universidade de Brasília. Além disso, Alan fará uma palestra no dia 26 de julho, às 9h, na UnB, Anfiteatro 13.
A escolha foi anunciada pela comissão julgadora do CNPq, que recebeu 100 inscrições. O Prêmio José Reis, que está na 42.ª edição, é um estímulo a iniciativas de pessoas e instituições que buscam aproximar a Ciência da sociedade. Concedido anualmente, divide-se em três categorias que se alternam a cada edição. Além de ‘Pesquisador e Escritor’, categoria deste ano, o prêmio contempla também as categorias “Jornalista em Ciência e Tecnologia” e “Instituição ou Veículo de Comunicação”.
Simbolicamente, a conquista é muito importante para Alan: “Pelo reconhecimento do caminho trilhado até aqui e por tudo que ele representa. Também pelo trabalho desenvolvido por José Reis em prol da educação e pela própria atuação do CNPq no incentivo à Ciência no Brasil, penso que este é um reconhecimento especial. A articulação da divulgação científica, por meio dos livros, dos projetos de extensão e de educação, é bastante gratificante. No meu caso, comecei a escrever em 2019 e já no primeiro livro fui finalista do Jabuti”.
O professor relata que ainda percebe na universidade uma grande dificuldade de articular a pesquisa com as atividades de extensão, e com o ensino de Ciências oferecido pela rede escolar. “Isso ocorre por conta do preconceito e do não reconhecimento de vários colegas pesquisadores sobre a importância da comunicação e da articulação entre as áreas. Acabei de receber de um colega um texto do José Reis, escrito em 1993, que já refletia sobre essas questões fundamentais. Eu não sou um pesquisador hegemônico. No meu caso, as questões raciais, de origem de classe, de gênero sempre pesaram muito. Minha família não teve educação formal – então, estou muito feliz, agradecido e consciente de que tenho o compromisso ancestral de continuar movendo as estruturas.”
Alan acrescenta que não se vê trancafiado em um gabinete escrevendo artigos, por entender que o conhecimento precisa chegar até as pessoas para que elas se sintam integradas aos processos de avanço científico. “De minha parte estou empenhado em seguir a agenda do José Reis. É por isso que essa conquista vem em um momento crucial, de fortalecimento de escritores negros como eu. Que muitos outros possam chegar aonde eu cheguei”, conclui.
Perfil
Natural de Vitória da Conquista, Bahia, Alan Alves Brito é graduado em Física pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tendo mestrado e doutorado em Ciências (Astrofísica Estelar) pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).
Foi pesquisador visitante em centros de Portugal e Alemanha e realizou estágios de pós-doutorado no Chile e na Austrália, atuando como Super Science Fellow na Australian National University. Possui experiência na área de Astrofísica Estelar e se interessa principalmente pelos estudos de evolução química das diferentes populações estelares da Via Láctea e de fora dela.
Docente no Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS desde 2014, Alan coordena o Núcleo de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e é coordenador substituto do Observatório Astronômico da UFRGS.
Atua em diversas áreas na divulgação científica e formação para Ciências. Em 2020, foi um dos finalistas na categoria “Ciências” na 62.ª edição do Prêmio Jabuti, com o livro Astrofísica para a educação básica: a origem dos elementos químicos no Universo, obra escrita em parceria com a também docente da UFRGS Neusa Teresinha Massoni.
Coordena ainda o projeto estrutural Ensino e aprendizagem de Ciências da natureza e suas tecnologias sociais na educação básica: novas redes de conhecimento, inovação e sustentabilidade no Rio Grande do Sul, selecionado na chamada pública MEC-MCTIC 01/2019 no âmbito do Programa Ciência na Escola (PCE), que tem o objetivo de aprimorar o ensino de Ciências nas escolas e é realizado com outras instituições do Rio Grande do Sul.
Na plataforma de cursos online da UFRGS, o Lumina, o professor Alan oferece o curso “Alquimia cósmica: a origem dos elementos químicos da tabela periódica”. Além das publicações acadêmicas, também conta com dois livros de literatura infantil: Antônia e a caça ao tesouro cósmico (2020) e Antônia e os cabelos que carregavam os segredos do Universo (2022).
Mais informações no site: https://www.if.ufrgs.br/~aabrito.
Fonte: Agência Sertão