“Cordão verde” estreia em Porto Alegre nesta quinta-feira (7), na Casa de Cultura Mario Quintana
“A produção familiar garante em torno de 75% da comida na mesa dos brasileiros. O governo federal poderia ter programas sociais de distribuição de renda e incentivar a agricultura familiar orgânica, assim fornecendo alimentação às pessoas que mais necessitam”, afirma o diretor holandês, fotógrafo, montador e mestre em cinema e TV, Hopi Chapman.
Hopi, que mora em Porto Alegre, juntamente com a cineasta gaúcha Karine Emerich, são os produtores do filme Cordão Verde (29 minutos, 2022, documentário, Full HD), uma coprodução brasileira e holandesa.
Com estreia nesta quinta-feira (7), às 19h, seguida de debate com participantes, na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana, localizada no Centro Histórico da capital gaúcha, o documentário investiga a importância da produção de alimentos orgânicos nas cidades de Porto Alegre e Amsterdã.
No filme são mostrados os trabalhos de produtores, feiras, lojas, escolas, especialistas da área e consumidores em ambos os países. Uma produção da Flow Filmes, em associação com a pH7 Filmes, e que conta com o apoio dos consulados da Holanda.
Após a estreia, o filme terá outras exibições em Porto Alegre: no dia 14 de julho, quinta-feira, às 19h, no Clube de Cultura (Rua Ramiro Barcelos, 1853), e no dia 19 de julho, terça-feira, às 19h, na Câmara Municipal de Vereadores.
O Brasil de Fato RS conversou com Hopi sobre o documentário. Abaixo, a entrevista completa.
Após a estreia o filme terá mais exibições na capital / Foto: Divulgação
Brasil de Fato RS – Gostaria de começar com você nos contando como surgiu a ideia do documentário, o que motivou.
Hopi Chapman – No início de 2021 abriu um edital dos consulados holandeses no Brasil para projetos com conexões culturais entre Brasil e Holanda. Moro há 24 anos no Brasil, nasci em Amsterdã e pensei logo na agricultura orgânica nestas cidades. Para mim a agricultura orgânica é cultura, é um modo de viver. Visitava em Amsterdã a feira orgânica e aqui em Porto Alegre também, há 24 anos. E me interessava a importância dos cinturões verdes nestas cidades onde isso é feito. O tema foi uma escolha fácil.
BdFRS – Como foi o processo do mesmo? Onde foi realizado, número de entrevistas feitas?
Hopi Chapman – Em março de 2021 começamos a pesquisa de agricultores, feirantes, consumidores e especialistas na área que podiam participar do filme, mas por causa da pandemia ficava difícil visitá-los. Em novembro, como as pessoas já estavam vacinadas, foi possível começar a visitar várias propriedades em Porto Alegre para conhecer melhor os agricultores. E antes que o inverno rigoroso começasse na Holanda, uma equipe filmou o dia a dia do agricultor Kasper. Daí começamos também a edição do filme.
Quando o verão quente de Porto Alegre terminou, em fevereiro/março, começamos a filmar os produtores e consumidores em Porto Alegre. Em abril fui à Holanda filmar mais agricultores e iniciativas de hortas urbanas e especialistas. E em maio e junho finalizamos o filme.
Para o filme fizemos em torno de 25 entrevistas com agricultores, feirantes, consumidores, professores, alunos e especialistas na área alimentar e ambiental. Mas, como frequento as feiras agroecológicas há muitos anos, muitas conversas com pessoas amigas que são envolvidas com a produção agroecológica, que não estão diretamente no filme, ajudaram nas escolhas e caminhos do filme.
As pessoas entrevistadas foram Mayara Barros Lima, Rafael de Castro Hilário, Clarisse Cavazin, Tulio Machado, Juca – Eliseu Rosa da Silva, Yvonne Bos, Jaap Van Der Boon, Nancy Wiltink, Adriana Dorfman, Ana Livia, Neusa Camargo, Paulo Terniet Brink, Nina Welt, Marion Aerts, Rowie Rensink, Claudia Tellegen, José Ygor Silva Pena, Francisco Milanez, Darci Campani, Juliano Ferreira De Sá e Marc Seijlhouwer.
BdFRS – Qual a importância da produção de alimentos orgânicos?
Hopi Chapman – Para mim a importância é grande, porque mantém a minha saúde. Sempre digo que prefiro, às vezes, pagar um pouco mais e fazer a minha comida para não precisar comprar remédios depois. Acho que a alimentação sem agrotóxicos é tudo de bom para a minha saúde, além da comida ficar com um sabor muito melhor. Com a produção orgânica teremos um mundo mais sustentável.
BdFRS – O documentário trabalha com as cidade de Porto Alegre e Amsterdã. Quais as diferenças e semelhanças observadas?
Hopi Chapman – Percebi que em Amsterdã tem bem menos feiras orgânicas do que no Brasil. Mas tem muito mais lojas 100% orgânicas. E a oferta em supermercados dos alimentos orgânicos é grande. Existem também várias iniciativas pequenas e comunitárias de hortas orgânicas na cidade. Os holandeses acham isso muito importante.
Somos muito privilegiados com as feiras orgânicas em Porto Alegre. No momento, aqui, tem em torno de dez feiras orgânicas. É por causa das feiras, este contato direto com produtores, que o preço é mais baixo.
BdFRS – Nos últimos anos vimos a fome voltar de forma intensa no país. Segundo dados recentes do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, em 2022, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer. Neste contexto como garantir uma alimentação saudável e orgânica?
Hopi Chapman – A produção familiar garante em torno de 75% da comida na mesa dos brasileiros. O governo federal poderia ter programas sociais de distribuição de renda e incentivar a agricultura familiar orgânica, assim fornecendo alimentação às pessoas que mais necessitam.
Sobre Hopi Chapman
Diretor holandês, fotógrafo, montador e mestre em cinema e TV pela Universidade de Amsterdã, foi professor, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) em diferentes turmas sobre a utilização dos programas da Adobe Premiere e da After Effects.
Ficha técnica de Cordão Verde
Roteiro e Direção: Karine Emerich e Hopi Chapman
Argumento: Hopi Chapman e Roberta De Pinho Silveira
Direção de Fotografia: Dhiney Ramos e Hopi Chapman
Entrevistas: Karine Emerich (Brasil), Dhiney Ramos e Hopi Chapman (Holanda)
Drone (Brasil): Eduardo Hörlle Cubas
Drone (Holanda): Jordy Ruijter
Som Direto: Renato Almeida
Montagem: Hopi Chapman
Trilha Sonora: Risomá Cordeiro
Músicos: Jonathan Santos (Violoncelo) e Risomá Cordeiro (Viola Caipira)
Diretor de Arte: Cicero da Silva Ferreira
Produção: Maryangela Fernandes Ferreira, Jasmijn Chapman e Job Chajes
Imagens Adicionais: Jordy Ruijter e Kasper Hoex
Estúdio de Som: Estúdio Gaia (Rafael Pavão)
Consultoria: Maryangela Fernandes Ferreira e Nilson Lopes
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira