Mulher precisou ficar internada após inflamação do piercing na boca. A infecção comprometeu cerca de 37% do cérebro da jovem, segundo a mãe da vítima
Uma jovem de 20 anos morreu após ficar um mês internada por conta de um piercing inflamado. Andressa de Souza ficou internada 24 dias em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) após perfurar o lábio. A causa da morte de Andressa, segundo a mãe e o hospital, foi uma infecção generalizada que atingiu o cérebro.
Riscos
O neurologista e neurocirurgião do Hospital Albert Einstein, Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, alerta para os perigos existentes na aplicação de piercings. “Não podemos esquecer que a pele, a mucosa da boca e outras regiões do organismo também têm bactérias. Então se tem uma inflamação e infecção local, foi causada por uma bactéria desta região, que eventualmente cai na circulação sanguínea”, explica.
De acordo com o médico, essa inflamação causa um quadro chamado de bacteremia (presença de bactérias na corrente sanguínea) e septicemia (resposta exagerada a uma infecção no corpo), resultando em uma infecção generalizada. “Se foi para o cérebro, causou meningite bacteriana, por uma bactéria que realmente deve ter sido do lábio ou da boca. Causou inflamação, caiu na corrente sanguínea, espalhou pelo corpo todo e alojou principalmente no cérebro, mas podia se alojar em qualquer outro lugar”, destaca o especialista.
O neurologista explica que esse quadro não é incomum, e dá o exemplo de pacientes com sinusite ou outras inflamações da face. “Às vezes, as veias que drenam o sangue da face também vão pro cérebro, podendo causar um caso de infecção ou inflamação. [O caso de Andressa] eventualmente foi mais grave do que se imaginava. O antibiótico não resolveu e a paciente veio a falecer”, constata.
Cuidados
A médica cirurgiã e especializada em dermatologia, Dra. Carla Góes, destaca a importância de tomar os devidos cuidados na hora de aplicar um piercing. “É preciso saber se é um lugar com ambiente estéril, que segue as normas da Anvisa e utiliza materiais descartáveis. Também é preciso ter certeza que a pessoa que vai fazer o procedimento seja capacitada e tenha experiência na aplicação de piercings”, recomenda a especialista.
Além disso, a médica explica que é preciso ter cuidado também na escolha das regiões, porque todas elas têm a parte vascular. “Tem que ter um cuidado para não comprometer estruturas vasculares e começar dali um processo de necrose, por exemplo, que pode evoluir depois para uma infecção”, justifica.
Após a aplicação do piercing, a Dra. Carla aconselha observar como está a região. Deve-se observar se teve algum comprometimento da circulação local, ou seja, se está muito vermelho ou se está edemaciado (inchado). Alertas de risco incluem dor local, vermelhidão, edema e evolução para aumento da temperatura corporal, com manutenção de febre. “É fundamental o mínimo de cuidado”, finaliza.
Fonte: Saúde em dia