Testes oculares de inteligência artificial podem prever risco de doença cardíaca

saúde

Estudo britânico sugere que a tecnologia poderá um dia permitir a realização de exames precisos fora do ambiente hospitalar

Alimentação inadequada, sedentarismo, abuso de álcool e tabagismo. Estes são alguns dos principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças cardíacas.

As doenças que afetam o coração são a principal causa de morte no mundo, com cerca de 18 milhões de vítimas a cada ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O diagnóstico precoce de condições cardiovasculares, como hipertensão, doença coronariana e trombose, permite reduzir os riscos de complicações.

Pesquisadores do Reino Unido descobriram que um dispositivo de inteligência artificial (AI) pode avaliar os olhos e prever o risco de doenças cardíacas em um minuto.

Os achados, publicados no periódico científico British Journal of Ophthalmology, apontam que a tecnologia poderá um dia permitir a realização de exames precisos fora do ambiente hospitalar.

Como foram realizadas as análises

Na análise de vasos da retina habilitada para inteligência artificial, foram processadas imagens de 88.052 participantes do UK Biobank (UKB), com idades entre 40 e 69 anos, e 7.411 participantes da European Prospective Investigation into Cancer (Epic)-Norfolk, de 48 a 92 anos.

Os pesquisadores utilizaram um método de investigação chamado vasculometria retiniana, que não requer exames de rotina como testes de sangue ou medição da pressão arterial, por exemplo.

A partir disso, foram coletadas a largura das pequenas veias e artérias da retina e demais condições da área. Os modelos de predição de risco cardiovascular foram desenvolvidos no UK Biobank e validados externamente no Epic-Norfolk.

De acordo com o estudo, o desempenho do modelo foi avaliado usando calibração e ajustes por estatísticas. Os especialistas utilizaram um método chamado “Escore de Risco de Framingham”, que avalia o risco de doença cardiovascular segundo a presença ou ausência de determinados fatores de risco.

O desempenho dos escores de risco de Framingham para acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio, com adição da vasculometria retiniana aos escores, foram comparados com um modelo mais simples baseado em vasculometria, idade, tabagismo e histórico médico.

Resultados

Segundo o estudo, modelos prognósticos do banco de dados de saúde do Reino Unido foram desenvolvidos em 65.144 participantes (idade média de 56,8; acompanhamento médio de 7,7 anos) e validados em 5.862 participantes do Epic-Norfolk (67,6, 9,1 anos, respectivamente).

Os resultados apontam que para o acidente vascular cerebral e o infarto do miocárdio, a adição da vasculometria aos escores de risco não melhorou o desempenho do modelo em nenhum grupo estudado. No entanto, o modelo de vasculometria mais simples teve um desempenho igual ou melhor que os escores de Framingham.

“A vasculometria retiniana oferece um biomarcador preditivo alternativo aos escores de risco tradicionais para a saúde vascular, sem a necessidade de amostragem de sangue ou medição de pressão arterial. Mais trabalhos são necessários para examinar a vasculometria retiniana na triagem populacional para triagem de indivíduos de alto risco”, disseram os autores no artigo.

Fonte: CNN Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *