Direção da Polícia Rodoviária nega corpo mole no combate a bloqueios das estradas

Brasil

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (1º/11), diretores da Polícia Rodoviária Federal tentaram minimizar a ação de alguns de seus agentes a favor do movimento golpista que tem bloqueado estradas pelo Brasil afora, o que foi registrado em vídeos que têm sido divulgados pelas redes sociais, e afirmaram que não há corpo mole no combate à arruaça promovida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado da eleição presidencial de domingo (30/10).

Em diversos estados, no entanto, foi a convocação da Polícia Militar pelos governadores que garantiu o desmonte dos bloqueios. A PM está atuando no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Também circulam vídeos de civis liberando estradas, como funcionários da usina de Angra e torcedores do Atlético Mineiro.

Segundo a PRF, foram registrados apenas “dois ou três casos” de agentes que tiveram conduta irregular e eles sofrerão procedimentos disciplinares.

“A PRF age no cumprimento da lei, não apoia a ilegalidade e o fechamento de rodovias federais. Os casos que têm aparecido nas redes sociais foram identificados. A corregedoria já instalou processo para apurar essas atuações”, afirmou o corregedor-geral Wendel Benevides Matos.

De acordo com o diretor-executivo da PRF, Marco Territo, a instituição está se esforçando para resolver o problema e a demora para liberar as rodovias ocorre porque se trata de uma operação “complexa”. 

“É uma operação muito complexa, só quem já participou em campo de uma operação dessas sabe quão difícil é. Temos pontos com até 500 manifestantes, carretas paradas, crianças de colo”, disse Territo. “A PRF tem de agir com parcimônia com nossos parceiros de segurança pública. E, com o passar do tempo, a gente tenta outras mediadas. Até com a disponibilização da força de choque. Mas a gente deixa isso por último. A (greve) de 2018 durou quase uma semana, estamos no segundo dia, a gente está usando todos os meios possíveis.”

De acordo com o diretor de Inteligência da PRF, Luís Carlos Júnior, a corporação foi surpreendida pela rapidez com que o movimento de apoiadores de Bolsonaro se espalhou pelo país.

“Após o pleito, atuávamos com base em vários cenários. Nós trabalhamos com vários cenários. A crise se instalou muito rápido. Não tínhamos elementos que indicassem que a crise ia ter essa envergadura. Se tivéssemos mais elementos que haveria isso, a gente assessoraria nossos diretores.”

A corporação informou que foram aplicadas 182 multas contra manifestantes que descumpriram a ordem judicial de desbloqueio das estradas. O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, deveriam ter participado da entrevista, mas não deram as caras.

Na noite desta segunda-feira (31/10), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar para determinar que a PRF atuasse para liberar as vias, sob pena de responsabilização pessoal do diretor-geral da instituição, com multa de R$ 100 mil, afastamento do cargo e até mesmo prisão em flagrante por crime de desobediência. O STF formou maioria para chancelar a decisão do ministro. 

Fonte: Conjur

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