Cogumelos alucinógenos ajudam a reduzir depressão, aponta estudo

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Estudo feito por startup britânica mostrou que a psilocibina, substância presente nos cogumelos alucinógenos, pode tratar a depressão

Cogumelos alucinógenos ajudam a reduzir a depressão, aponta o maior ensaio clínico já realizado para avaliar o efeito da psilocibina, uma substância psicoativa encontrada naturalmente nos fungos. 

O estudo, publicado no New England Journal of Medicine, aponta que uma única dose de 25 miligramas reduziu os sintomas de depressão em pessoas que não obtiveram sucesso em tratamentos convencionais. Em contrapartida, estima-se que 100 milhões de pessoas em todo o mundo têm uma condição resistente ao tratamento – esses pacientes poderiam ser auxiliados com o uso dos cogumelos psicodélicos.

Os cientistas analisam há anos o efeito terapêutico de substâncias psicodélicas, que são ilegais nos Estados Unidos e também no Brasil. Mas, apesar do interesse renovado, que agora ganha mais seriedade, estudos em larga escala sobre os efeitos do cogumelo ainda precisam ser feitos.

O estudo

A pesquisa contou com 233 pessoas em 10 países. Durante o estudo, os participantes interromperam o tratamento em andamento, mas receberam apoio psicológico. Eles se separaram em três grupos, recebendo aleatoriamente 1 miligrama, 10 miligramas e 25 miligramas de uma versão sintética da psilocibina desenvolvida pela startup britânica Compass Pathway, que também financiou os testes.

Os participantes nunca estavam sozinhos nas sessões, que duravam entre seis e oito horas em uma sala especial. Alguns descreveram estar imersos no que parecia ser “um estado de sonho”, afirmou James Rucker, coautor da pesquisa. Um participante necessitou de um sedativo durante a sessão devido à ansiedade. Mas os efeitos colaterais observados (dores de cabeça, náuseas, ansiedade) foram geralmente leves e resolvidos rapidamente.

Três semanas depois, aqueles que receberam 25 mg apresentaram melhora significativa em comparação com aqueles que receberam doses mais baixas, em uma medida inicial de depressão. Pouco menos de 30% dos participantes estavam em remissão.

“Esta é a evidência mais forte até agora e sugere que ensaios maiores e mais longos de psicodélicos são garantidos. A psilocibina pode fornecer uma alternativa potencial aos antidepressivos prescritos há décadas”, disse o professor de psiquiatria da Universidade de Edimburgo, Andrew McIntosh, ao jornal O Globo. Andrew não esteve envolvido na pesquisa.

Possíveis riscos

Durante os testes com os cogumelos alucinógenos, três participantes apresentaram comportamento suicida entre aqueles que receberam 25 mg, em comparação com nenhum dos outros grupos. No entanto, isso foi mais de 28 dias após o tratamento. A questão do impacto a longo prazo também permanece em aberto. Isso porque, após o acompanhamento de três meses, o risco desapareceu em todos os participantes.

Os ensaios de fase 2 foram propostos para determinar a dose e confirmar a existência de um efeito apropriado. Os eventos da fase 3, que busca envolver mais participantes, estão programados para começar este ano e terminar em 2025.
Fonte: O Globo

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