O espetáculo “O Som e a Fúria – Um Estudo Sobre o Trágico”, da Definitiva Cia. de Teatro, está de volta à capital com apresentações nos dias 18, 19, e 20 de novembro, no Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande, e no dia 10 de dezembro, no Teatro Mário Lago, em Bangu (Vila Kennedy). Ingressos gratuitos ou a preço popular de R$5.
A peça escrita por Rosyane Trotta e dirigida por Jefferson Almeida apresenta, em um ritmo vertiginoso e repleto de música e sons tribais, fragmentos de um Brasil inquietante que tenta encontrar o seu rumo em meio às maiores urgências sociais e ambientais da história pré-COVID-19.
No palco, seis atores revisitam acontecimentos históricos recentes para refletir sobre o conceito do trágico nos dias de hoje e tentar entender como isso ressoa na cena e no mundo pós-moderno e pós-dramático. Para isso, os artistas mostram diferentes personagens e situações que espelham os descaminhos e a barbárie contemporânea –um panorama brasileiro em um primeiro momento, mas que acaba por se revelar universal.
“O mundo está na iminência de um fim (metafísico ou concreto) e precisamos olhar para as fotografias desse panorama para tentar entender onde está o ponto nevrálgico da nossa patética falha enquanto partes desse mundo”, afirma Jefferson.
A direção musical de Renato Frazão confere sentido, estranheza e tensão por meio de uma trilha sonora autoral cantada ao vivo pelos próprios atores (em coro ou solos). Essa mescla de atuação e canto consolida a investigação que a companhia faz desde 2008 sobre a ‘cena-música’, um lugar de criação em que a ação e a música se misturam de maneira indissolúvel, numa escrita cênica em que uma não existe sem a outra.
“A ‘cena-música’ tornou-se o ideal estético da Definitiva Cia. de Teatro. Interessada, em princípio, pelo teatro musical como gênero, o coletivo foi, cada vez mais, se aproximando e se apropriando da pedagogia musical do teatro épico brechtiano. A música, então, foi sendo articulada nos seus espetáculos como um fundamento da cena, ou seja, a cena é pensada e construída considerando parâmetros musicais e buscando ter a mesma penetração sensível da música”, finaliza Jefferson.
O espetáculo foi contemplado dentro do Edital de Circulação Teatral 2022, da FUNARJ.
Trajetória
O quarto espetáculo de repertório da Definitiva Cia. de Teatro estreou no Oi Futuro em janeiro de 2020, onde a temporada presencial foi interrompida em função da pandemia de COVID- 2019. No mesmo ano, a companhia apresentou virtualmente uma versão filmada da peça, o que lhe rendeu a indicação ao Prêmio APTR de Melhor Espetáculo Adaptado Editado. Em 2021, com o incentivo da Lei Aldir Blanc, a montagem ganhou uma transmissão online ao vivo direto do palco do Teatro Prudential, seguido de oficina e ciclo de debates. Em 2022 circulou por oito cidades do estado do Rio de Janeiro ao ser aprovado no edital Sesc RJ. O elenco é formado por Betho Guedes, João Vítor Novaes, Livs Ataíde, Marcelo de Paula, Paula Sholl e Tamires Nascimento. Denise Stutz assina a direção de movimento.
Definitiva Cia. de Teatro
A Definitiva Cia. de Teatro foi fundada em 2008, com o objetivo de pesquisar a relação da música com a cena. Desde então, vem buscando borrar os limites de uma e de outra, fazendo-as conviver de forma indissolúvel no que a companhia chama, agora, de cena-música. É a busca desse lugar de encontro, de mistura e esmaecimento de fronteiras, que rege o trabalho do grupo. A Definitiva possui cinco projetos teatrais em seu currículo, sendo quatro espetáculos: Calabar, o elogio da traição (2008), Deus e o diabo na terra do sol (2011), A hora da estrela (2017), O som e a fúria – um estudo sobre o trágico (2020); e, uma versão compacta e revisitada do espetáculo de estreia – Calabar em concerto (2018) – em comemoração dos 10 anos de trabalho da companhia. Além destes, realizou o projeto audiovisual Cartas de arquivo (2018) em parceria com o Arquivo Nacional como parte das comemorações de seus 180 anos e duas edições de “Definitiva Cia. de Teatro – em laboratório” (2021), oficina multidisciplinar para difusão da pesquisa empreendida pelo coletivo
Jefferson Almeida – direção
Jefferson Almeida é bacharel em Teoria do Teatro pela Unirio, diretor e ator de teatro. Atuou, dirigiu e produziu mais de 30 espetáculos. “A Lista de Alice” lhe rendeu o Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no III Festival Nacional de Teatro Universitário de Patos de Minas (MG) e “Furdunço do Fiofó do Judas” foi indicado em três categorias do Prêmio de Humor. Está à frente da Definitiva Cia. de Teatro desde a sua fundação em 2008, onde exerce a função de ator e diretor nos espetáculos Calabar – O Elogio da Traição (2008), Deus e o Diabo na Terra do Sol (2011), A hora da estrela (2017) e O som e a fúria – um estudo sobre o trágico (2020). Pela segunda montagem da Cia., recebeu os seguintes prêmios: Revelação – Ator e diretor, na IX Festa Internacional de Teatro de Angra (FITA); Melhor Ator Coadjuvante no VIII Festival Nacional de Teatro de Limeira; e Melhor Ator Coadjuvante no 40º Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa (FENATA), onde a montagem também recebeu o Prêmio de Melhor Espetáculo.
Rosyane Trotta – dramaturgia
Rosyane Trotta atua como dramaturga desde os anos noventa, quando escreveu e encenou seus primeiros espetáculos. Conjugando prática artística e pesquisa acadêmica, se dedica desde aquele tempo ao estudo dos sistemas de organização, criação e produção em grupo. A partir de 2002, passa a se dedicar estritamente à dramaturgia construída a partir das investigações cênicas na sala de ensaio – o chamado processo colaborativo. Desde então, trabalhou na criação dramatúrgica de grupos como “Os Dezequilibrados”, “Sertão Teatro”, “Cia Marginal”, “Núcleo Miúda”, “Carroça de Mamulengo”. Em 2009, Rosyane Trotta se torna professora da UNIRIO, onde atualmente coordena a Pós-Graduação em Ensino de Artes Cênicas e desenvolve projetos de extensão para a descentralização e intercâmbio de conhecimentos.
FICHA TÉCNICA
- Dramaturgia: Rosyane Trotta
- Direção: Jefferson Almeida
- Elenco: Betho Guedes (stand in Jefferson Almeida), João Vítor Novaes, Livs, Marcelo de Paula, Paula Sholl e Tamires Nascimento
- Direção musical e Composições: Renato Frazão
- Direção de movimento: Denise Stutz
- Cenografia e Direção de palco: Taísa Magalhães
- Cenógrafa assistente: Rahira Coelho
- Figurinos e adereços: Arlete Rua e Thaís Boulanger
- Visagismo: Paula Sholl
- Iluminação e operação de luz: Luiz Paulo Barreto
- Técnico de som: Lucas Campello
- Microfonista: Ananda Amenta
- Contrarregra: PV Israel
- Programação visual: A4 (Davi Palmeira)
- Registro fotográfico: Entre Pontos Filmes Fotógrafa: Marília Gurgel
- Coordenação Geral: Tem Dendê! Produções – Tamires Nascimento e Jefferson Almeida
- Produção Executiva: Desejo Produções (Dani Carvalho)
- Assistência de produção: Jacyara de Carvalho
- Assessoria de Imprensa: Aquela que Divulga (Lyvia Rodrigues)
- Realização: Tem Dendê! Produções e Definitiva Cia de Teatro
Serviço:
“O Som e a Fúria – Um Estudo Sobre o Trágico
- Duração: 70 minutos
- Faixa etária: 16 anos
- Gênero: épico
Programação:
Campo Grande
- Onde: Teatro Arthur Azevedo
- Endereço: R. Vítor Alves, 454 –
- Quando: 18,19 e 20 novembro
- Dia/hora: sex e sáb, às 20h; dom, às 19h
- Valor: R$5
Vila Kennedy, Bangu
- Onde: Teatro Mário Lago
- Endereço: Rua Jaime Redondo, 2
- Quando: 10 de dezembro
- Dia/hora: sáb, às 18h
- Valor: gratuito
Fonte: Sopa Cultural