Combate à aids no Brasil depende da aprovação da PEC da Transição

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Neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, 1º de dezembro, o combate à doença tem os olhares voltados aos esforços para a aprovação da chamada PEC da Transição. A medida legislativa que começou a tramitar na terça-feira (29) no Senado é possibilidade de viabilizar mais que o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600. E também o custeio do enfrentamento a aids e outras infecções sexualmente transmissíveis, como hepatites, tuberculose e hanseníase.

Para as políticas de combate a aids e todas essas doenças, o governo Bolsonaro destinou no orçamento de 2023 apenas R$ 1,9 bilhão. Um valor insuficiente. Para a compra de medicamentos para pacientes com HIV, o Ministério da Saúde gastou R$ 1,7 bilhão em 2021. E mais R$ 62,9 milhões na compra de preservativos. Uma conta que aponta para a falta de recursos no próximo ano em meio a perspectivas de aumento de casos.

“Os ministros da Saúde de Bolsonaro tinham total conhecimento do alarmante aumento do HIV entre jovens de 15 a 24 anos e gestantes, mas nada fizeram. Abandonaram as campanhas de prevenção e permitiram o desabastecimento de testes rápidos para HIV e sífilis”, disse o professor da Faculdade de Medicina da USP Mário Scheffer.

Governo bolsonarista negligenciou combate à doença

O especialista destacou ainda que, ao longo e quatro anos, a equipe bolsonarista negligenciou as populações desproporcionalmente afetadas pela aids. São pessoas, explicou ao jornal Folha de S.Paulo, que enfrentam barreiras para acessar serviços de saúde, prevenção e cuidados. O estigma é a maior dessas barreiras.

Por causa da situação no Brasil, o Programa das Nações Unidas sobre HIV considerou esta semana que o país não terá condições de atingir a meta de acabar com a epidemia de aids até 2030. “O Brasil, quem diria, hoje contribui para essa frustração mundial. Mais de 1 milhão de brasileiros com aids e mais de 360 mil mortes devido à doença, desde os anos 1980, deram motivos para muita dor e lamento”, destacou ainda Scheffer.

Em meio à omissão do Ministério da Saúde bolsonarista no combate a aids, organizações não governamentais procuram oferecer atendimento. É o caso da Aids Healthcare Foundation (AHF), que inaugurou hoje uma clínica comunitária de saúde sexual na região central de São Paulo.

Organização inaugura clínica no centro de São Paulo

O espaço de cuidados e prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (IST) tem como público prioritário as pessoas mais vulneráveis ao HIV/aids e outras infecções, como pessoas trans, gays e homens que fazem sexo com homens, trabalhadores sexuais, população em situação de rua e pessoas que usam drogas.

Segundo a organização, quem receber diagnóstico de sífilis e gonorreia, por exemplo, receberá os medicamentos no local. Eventuais casos de HIV e hepatites, cujos tratamentos são mais específicos e variam conforme cada pessoa, serão encaminhados para acompanhamento em unidades do Sistema Único de Saúde na capital paulista e região metropolitana.

Inicialmente, a clínica terá capacidade para realizar cerca de 50 atendimentos diários. Para isso, a unidade contará com uma equipe de 16 pessoas, incluindo trabalhadores de saúde (medicina, enfermagem, psicologia e farmácia) e setor administrativo. O grupo foi treinado para acolher todas as diversidades em um ambiente livre de estigma e discriminação.

Parceria no combate a aids

Esta é a segunda unidade da AHF no Brasil. A primeira foi aberta em 2018, em Recife, com foco na saúde sexual de homens em geral. Nos dois casos, a abertura só foi possível por meio de parceria entre AHF, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e conselhos profissionais.

SERVIÇO
Clínica Comunitária de Saúde Sexual
Endereço: Rua Pedro Américo, 52 – República, São Paulo-SP
Atendimento: de segunda a sexta (exceto feriados), das 13h30 às 19h30

Fonte: Rede Brasil Atual

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