Copa do Mundo, Fifa e corrupção

cultura

Será que o futebol vai cada vez mais servir para negócios escusos ou essa maravilhosa festa do esporte ainda tem o poder de construir o seu universo próprio no congraçamento entre as nações e os povos?, pergunta Guilherme Wisnik

Domingo, 4 de dezembro de 2022

Nesta semana, o professor Guilherme Wisnik elege como tema de sua coluna a Copa do Mundo no Catar e toda a polêmica envolvendo a escolha desse país do Oriente Médio para sediar a competição, polêmica essa detonada a partir de denúncias de corrupção na Fifa. Para os interessados no tema, Wisnik recomenda a série da Netflix, Esquemas da Fifa, que retrata justamente os bastidores da corrupção na entidade maior do futebol. E tudo começa a partir do momento em que a Fifa se torna muito poderosa economicamente. Wisnik observa que o futebol movimenta uma quantidade muito grande de dinheiro, com “todas as relações que vêm juntas, que confluem para a construção de estádios, das grandes arenas, toda a infraestrutura que vem a reboque” e que se acentuou nas últimas duas décadas, segundo o colunista, que cita, como exemplo, a Copa do Mundo realizada no México, em 1986, quando aquele país – que já havia sediado a mesma competição em 1970 – não precisou construir nada de novo, além do que já possuía.

De 2002 para cá, porém, as coisas tomaram um rumo diferente, a partir do momento em que os países anfitriões se comprometeram a construir grandes arenas para a realização da copa. Isso elevou o nível – sobretudo econômico – do torneio, que se transformou num evento maior do que o meramente esportivo e a reboque de empreendimentos imobiliários e midiáticos. Wisnik compara a Fifa a uma entidade como a própria ONU, “mas com muito mais poder de bala”. E assim se chega à Copa do Catar e à construção de oito estádios dentro de um raio de 22,5 km, “o que forma uma verdadeira cidadela do esporte de elite mundial”. Mas, e depois da Copa, que fim terão os estádios construídos no Catar?, indaga o colunista. “Há um desperdício muito grande de recursos e isso lança uma grande sombra sobre a Copa do Mundo e sobre a Fifa. Será que o futebol vai cada vez mais servir para negócios escusos ou essa maravilhosa festa do esporte ainda tem o poder de construir o seu universo próprio no congraçamento entre as nações e os povos?”

Fonte: Jornal USP

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