Com equipe majoritariamente feminina, produção conta a história da reportagem de duas jornalistas que levou à onda de denúncias contra crimes de figurões de Hollywood
Estreou nesta semana nos cinemas do país o filme “Ela Disse”, dirigido por Maria Schrader, que conta a história da reportagem de duas jornalistas do The New York Times sobre os casos de assédio e abuso sexual por parte do produtor de Hollywood Harvey Weinstein. A revelação, feita em 2017, está na gênese do movimento Me Too, que deu voz a mulheres que sofreram esse tipo de crime, mas temiam denunciar.
As jornalistas Megan Twohey e Jodi Kantor — premiadas com o Pulitzer pela reportagem — são vividas pelas atrizes Carey Mulligan e Zoe Kazan, cujas atuações têm sido destacadas como pontos fortes para uma possível indicação do filme ao Oscar. Vale salientar, aliás, que a equipe do filme é predominantemente feminina.
Além do medo que limitava a denúncia das mulheres da indústria cinematográfica, a reportagem trouxe à tona uma espécie de pacto que levava a um silenciamento geral sobre os abusos, inclusive com resoluções via acordos financeiros. Harvey Weinstein, fundador do estúdio Miramax, que ficou conhecido como uma espécie de “predador sexual” por seu envolvimento em várias denúncias, hoje está preso, condenado 23 anos de reclusão.
Para o crítico de cinema do jornal O Estado de S.Paulo, Luiz Carlos Merten, “Ela Disse é, no limite, sobre imprensa. Os dois temas — abuso e imprensa — não teriam essa força se Ela Disse não fosse também bom cinema. Maria Schrader com certeza viu The Post – A Guerra Secreta, de Steven Spielberg. Certas similaridades são inevitáveis nos dois filmes”.
O movimento Me Too acabou gerando uma onda de encorajamento às mulheres que sofriam todo tipo de abuso caladas e desde então resolveram falar — embora tenham sido também registradas falsas acusações e exposições injustas contra outras figuras do entretenimento.
Segundo o Women’s Media Center, a cobertura dada ao movimento e a casos de assédio sexual aumentou 52% no ano seguinte à reportagem. “Ao expor práticas individuais e institucionais horríveis, vemos uma oportunidade para nova transparência e mudanças permanentes em direção a uma maior igualdade e poder para as mulheres”, pontuou a organização feminista.
Com Informações do Site Vermelho.org