Durante sua vida, o cientista manteve-se sozinho, o que persistiu até quando morreu em um quarto de hotel
Embora tenha sido um dos mais importantes cientistas da história, Nikola Tesla não teve uma vida fácil. Ele passou por momentos complicados principalmente devido aos sinais de problemas mentais que apresentava. Historiadores afirmam que ele sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo — popularmente conhecido como TOC —, por exemplo.
Ainda assim, ele deixou um legado gigante e inegável, ficando conhecido como ‘mago da eletricidade’. E isso não foi ao acaso: ele sempre buscou satisfação por meio de seu trabalho, deixando, na maioria das vezes, as relações pessoais que poderia desenvolver de lado.
Teslanunca se casou, nem teve filhos. Passou a maior parte da sua vida sozinho, afirmando que não se achava suficiente para nenhuma moça. Em sua rotina, estudava e teorizava experimentos, chegando aos seus dias finais exatamente como passou a vida: solitário e, ainda, sem dinheiro. O cientista morreu em 7 de janeiro de 1943, há exatos 80 anos.
“No lugar da mulher de voz suave e gentil da minha reverência, veio a mulher que pensa que seu principal sucesso na vida reside em tornar-se o máximo possível como o homem — em roupas, voz e ações, esportes e conquistas de todo tipo. A tendência das mulheres de afastar o homem, suplantando o velho espírito de cooperação com ele em todos os assuntos da vida, é muito decepcionante para mim”, escreveu o cientista.
Últimos anos
Nikola Tesla sempre manteve uma rotina de trabalho intensa, dormia apenas duas horas por noite e tirava poucos cochilos para se manter atento. Participava de algumas ocasiões especiais com outros cientistas, que sempre lhe elogiavam.
Certa vez, Albert Einstein foi perguntado como era se sentir o homem vivo mais inteligente, ao que respondeu “Eu não sei, você vai ter que perguntar a Nikola Tesla”.
Com algumas manias, no mínimo esquisitas, como sua obsessão pelo número 3 e a crença de que era capaz de falar com extraterrestes. Nikola colecionava hábitos bizarros, alguns que claramente eram parte de seus transtornos mentais, e outros, excentricidades: lavava a mão várias vezes, sempre usava luvas e tinha medo de objetos redondos.
Suas interações sociais eram jantares raros, pois, na maioria dos dias se alimentava sozinho nos restaurantes Delmonico e, mais tarde, no Waldorf-Astoria Hotel. Sem família, residia no quarto 3327 do Hotel New Yorker.
Anualmente, uma conferência era organizada no dia do seu aniversário, cerimônia que teve início aos seus 75 anos, com ajuda de seu amigo Kenneth Swezey. Era um dia incomum em sua rotina, recebia cartas e distribuía comida e bebida — com pratos que ele próprio criara. Além de convidar a imprensa para anunciar suas novas invenções e ouvir histórias antigas, assim como opiniões sobre eventos atuais.
Saía regularmente para alimentar os pombos em uma catedral próxima, eram seus únicos amigos, com que ele mantinha uma relação peculiar.
“Venho alimentando os pombos, milhares deles, há anos, mas havia um pombo, um pássaro bonito, branco puro com detalhes cinza claro em suas asas. Aquele era diferente… Não importa onde eu ia, aquele pombo iria me encontrar; quando eu queria ver ela só tinha que desejar e chamá-la para que ela viesse voando até mim… Eu amei aquele pombo… Eu a amava como um homem ama uma mulher, e ela me amava”, disse o inventor em uma de suas últimas entrevistas.
Já mais velho, com 81 anos, em uma de suas caminhadas noturnas para ver os animais, sofreu uma acidente. Foi atropelado por um táxi e fraturou as costelas. Como se recusou a consultar um médico, nunca conseguiu se recuperar totalmente.
Continuou trabalhando até seus últimos dias, mas apesar do talento, a remuneração financeira não era boa. Naquela época, suas invenções não eram tão apreciadas, e por isso ele precisava patentear quase tudo que criava. Era uma celebridade, mas empobrecido.
“Ele morreu sozinho, um excêntrico estranho, em um hotel na cidade de Nova York em 1943. Torna-se claro que a vida de Tesla como um inventor estava indo para baixo, mas isso não o impediu de dar entrevistas aos jornais onde ele falava de ter inventado armas de partículas de feixe de morte capazes de matar milhões (o que tornaria a guerra impensável)”, explicou Nigel Caw-thorne, autor de ‘Tesla, A Vida e os Tempos de um Messias Elétrico’, em entrevista ao Technology And Society, no ano de 2017.
Era 7 de janeiro de 1943, a empregada do hotel Alice Monaghan entrou no quarto do cientista após ele não responder seus chamados. O encontrou morto na cama, a causa da morte foi estabelecida como trombose coronariana.
Seus materiais foram recolhidos e seu corpo foi cremado. Hoje, suas cinzas podem ser vistas em uma esfera de ouro no Museu Nikola Tesla, na Sérvia.
Fonte: Aventuras na História