Por DW – Quarta, 28 de outubro de 2020
Aeronave tinha apenas 17% da ocupação, e alguns contaminados não estiveram sentados perto de outros. Pesquisadores afirmam que caso demonstra grande potencial de disseminação do vírus pelo tráfego aéreo.
Um estudo mostrou que um voo internacional de sete horas e meia com apenas 17% de ocupação resultou em 59 infecções pelo novo coronavírus, incluindo 13 passageiros e 46 pessoas infectadas mais tarde, já no país de destino.
Os pesquisadores afirmaram que o caso demonstra o grande potencial de disseminação do vírus relacionado ao tráfego aéreo e que restrições de movimento após o desembarque e o rastreamento de contatos podem limitar as transmissões.
Segundo o estudo, publicado no site Eurosurveillance na semana passada, o voo tinha como destino a Irlanda e ocorreu no verão europeu de 2020. A origem não foi divulgada, nem a empresa aérea. No avião estavam 49 passageiros, de um total possível de 283, e 12 tripulantes.
Os 13 passageiros infectados fizeram conexão num grande aeroporto europeu e eram oriundos de três continentes. Um grupo de cinco infectados relatou ter passado a noite na área de conexão, totalizando 12 horas. Um segundo grupo de três pessoas compartilhou uma área de conexão separada, e mais cinco fizeram conexões curtas, de menos de duas horas, na área de embarque.
Máscaras e distância a bordo
Dos 13 passageiros que testaram positivo, 12 apresentaram sintomas de covid-19 e um resultou assintomático. Ao menos nove deles usaram máscara durante o voo, e um (uma criança) não usou. Os pesquisadores não sabem se os outros três usaram máscara.
Os passageiros que testaram positivo tinham idade entre 1 e 65 anos. Quatro foram hospitalizados, e um deles acabou na UTI.
Os pesquisadores destacaram que quatro dos casos positivos no voo não estavam sentados perto de um outro caso positivo, não mantiveram contato na área de conexão e usaram máscaras no voo.
A origem do surto não foi identificada, mas um passageiro, que testou negativo e era parente próximo de um caso positivo do voo, declarou que havia testado positivo três semanas antes da viagem.
“Viagens aéreas aceleraram a pandemia global, contribuindo para a disseminação da doença do coronavírus (covid-19) pelo mundo”, afirmaram os cientistas.
As conclusões contradizem estudos divulgados pelas empresas aéreas, que já afirmaram que os riscos de ser infectado a bordo são semelhantes aos de ser atingido por um raio ou que passageiros usando máscara no voo correm pequeno risco de contrair o vírus.
AS/ots
Fonte: DW