Metrópoles – Um grupo de manifestantes invadiu o prédio da filial do supermercado Carrefour, na avenida Plínio Brasil Milano, em Porto Alegre, no início da noite desta sexta-feira (20/11).
Centenas de pessoas com faixas, cartazes e palavras de ordem protestavam contra a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, na noite anterior, por dois seguranças do estabelecimento.
Durante a manifestação, um homem escalou o prédio, usando as marquises, e pichou a parede com a frase ” PM assacina (sic), racismo e inveja”. Foi amplamente aplaudido.
Manifestantes atiram pedras contra o estabelecimento comercial, além de um coquetel molotov e um sinalizador. Logo depois, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Houve muita correria. Não há informações sobre feridos.
Um grupo do pelotão de choque da Brigada Militar chegou a entrar no estabelecimento comercial para conter o avanço do protesto. Os manifestantes se concentraram do lado de fora, na Avenida Plínio Brasil Milano. Houve tentativa de invasão e uma grade de proteção do mercado foi derrubada.
Há focos de incêndio em alguns pontos da grade do supermercado. Os manifestantes não recuaram, mesmo após resposta dos policiais com armas não letais. Cada bomba jogada pelos militares aumenta o ímpeto dos manifestantes, que agora jogam pedaços de madeira para alimentar os focos de incêndio.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar os focos de incêndio. A ação dos militares é escoltada por policiais da Brigada Militar.
Manifestantes pedem o “fim da polícia assassina”, em referência ao segurança envolvido no homicídio que é policial militar temporário. A contratação de militar na modalidade, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), é inconstitucional.
Assim como o norte-americano George Floyd, João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, pode ter sido morto por asfixia, conforme indicou o primeiro resultado da necropsia realizada pela perícia em Porto Alegre. O homem, negro, foi espancado por seguranças do hipermercado Carrefour, na noite dessa quinta-feira (19).
O caso
Segundo a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, responsável pela investigação sobre a morte de João Beto, a confusão teria se iniciado no interior do supermercado. A investigadora afirma que “não há nenhum indicativo de que tenha alguma conotação racista” na conduta dos seguranças.
Os seguranças foram chamados para retirar João Alberto do interior da loja e levá-lo ao estacionamento. O cliente acabou espancado até a morte. Análises iniciais do exame de necropsia apontam para asfixia como causa mortis mais provável. A conclusão do Instituto-Geral de Perícias não é definitiva.
Os dois seguranças, identificados como Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, foram autuados por homicídio qualificado. Um deles é policial militar temporário (cargo constitucionalmente ilegal) e o outro é segurança do Carrefour.
“As circunstâncias estão sendo analisadas no sentido de apurar a responsabilidade de cada uma das pessoas do supermercado que estavam presente no momento em que os seguranças agrediram o homem”, conta a delegada.
Explodem protestos pelo país