Cinema da USP exibe filme sobre poeta cubano preso por Fidel Castro

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Sessão especial acontece nesta terça-feira, dia 15, às 16 horas, na Cidade Universitária, em São Paulo

Em 1971, o poeta cubano Heberto Padilla (1932-2000) foi preso pelo governo de Cuba, então chefiado por Fidel Castro, sob a acusação de promover “atividades subversivas”, o que causou protestos de escritores e intelectuais como Jean-Paul Sartre, Susan Sontag, Mario Vargas Llosa e Octavio Paz. Um mês depois da sua prisão, Padilla fez uma declaração pública, em que se disse “contrarrevolucionário” e delatou uma série de amigos e até a sua esposa. Na época, o documentarista cubano Santiago Alvarez registrou esses fatos em vídeo, mas Fidel proibiu a divulgação do material, que ficou esquecido por 50 anos, até a produção, no ano passado, de El Caso Padilla, documentário do cineasta cubano Pavel Giroud. Esse documentário será exibido nesta terça-feira, dia 15, às 16 horas, em sessão especial do Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp), na Cidade Universitária, em São Paulo. 

Após a exibição do filme, haverá debate com a participação dos produtores do documentário, Lía Rodríguez e Alejandro Hernández, e moderação da professora Mariana Martins Vilaça, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A entrada é grátis. 

Giroud teve acesso aos originais produzidos por Alvarez através de um parente, que trabalhava no Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), em Havana, e localizou ali os registros do documentarista. Com 1 hora e 18 minutos de duração, El Caso Padilla mostra pela primeira vez a “autocrítica” de Padilla, entremeada por depoimentos de Sartre, Vargas Llosa, Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Fidel Castro, entre outros, como informa o texto de divulgação da sessão, publicado pelo Cinusp. “Dessa maneira, permite uma discussão única do passado de Cuba sob o olhar de seus reflexos no presente político da ilha.” O evento é promovido graças a uma parceria entre o Cinusp e o Instituto Cervantes.

Banner da sessão especial do Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp), nesta terça-feira, dia 15 – Foto: Reprodução

Nascido na cidade de Pinar del Rio, em Cuba, Heberto Padilla se formou em Direito e Filosofia. Em 1959, quando a Revolução Cubana se torna vitoriosa, foi nomeado correspondente em Nova York, nos Estados Unidos, onde então residia. Voltando a Cuba, trabalhou no jornal Revolución. Depois seria enviado como correspondente em Moscou, na então União Soviética. Nessa época já tinha publicado seu primeiro livro de poesias, Las Rosas Audaces, lançado em 1948.

Lía Rodriguez e Alejandro Hernández, produtores do filme El Caso Padilla – Fotos: Divulgação/Cinusp

Em 1968, Padilla ganhou o Grande Prêmio da União Nacional dos Escritores e Artistas de Cuba com o livro Fuera de Juego, em que fazia críticas a Fidel Castro. Em março de 1971, após lançar o livro Provocaciones, foi preso pelo governo cubano, que o liberou após pressão feita por intelectuais de diferentes origens e depois de o poeta fazer a declaração pública em que assumia sua culpa. Nos anos seguintes, foi impedido de deixar Cuba, até que, em 1980, teve permissão para se exilar nos Estados Unidos, onde permaneceu até a morte.

Che Guevara e Fidel Castro, líderes da Revolução Cubana – Foto: Wikimedia Commons

A obra de Padilla está publicada em pelo menos 14 idiomas. Ela é formada por seis livros de poesias – entre eles, El Hombre Junto ao Mar (1981) e Un Puente, Una Casa de Piedra (1998) -, dois romances, intitulados El Buscavidas (1963) e En Mi Jardín Pastan los Héroes (1986), e o ensaio autobiográfico La Mala Memoria (1989). No artigo O Neobarroco: Um Convergente na Poesia Latino-Americana, o crítico literário e poeta cubano radicado nos Estados Unidos José Kozer considera Padilla um dos maiores poetas da América Latina no século 20, ao lado de nomes como Octavio Paz, Vicente Huidobro e Gabriela Mistral.

A sessão especial do Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp), que apresentará o filme El Caso Padilla, será realizada nesta terça-feira, dia 15, às 16 horas, na sala do Cinusp no Anfiteatro Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Não é necessário retirar ingressos.

**Estagiária sob orientação de Moisés Dorado

Fonte: Jornal da USP

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