A luta dos trabalhadores em um Brasil complexo

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Por Solange Caetano, em sua coluna no Outra Saúde

Presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros reflete sobre o estágio atual da classe. Defende: apoiar e defender o governo Lula não apaga a necessidade de enfrentar os retrocessos trabalhistas, que se refletem hoje na precarização

No 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhadores, coube aos brasileiros pensar a respeito da situação que enfrentamos no mercado de trabalho, cada vez mais desregulado. Isso nos leva a outras consequências, tanto econômicas quanto de impactos relevantes em outras áreas, como saúde mental e doenças do trabalho até o convívio com a família, para quem temos cada vez menos tempo.

Desde o golpe contra Dilma Rousseff em 2016, passando pelos governos de Temer e Bolsonaro, a área de maior retrocesso foi a trabalhista. O que tem maior destaque na mídia, em geral, são as pautas relacionadas aos costumes, com tentativas de retrocesso. No entanto, a reforma trabalhista efetivamente implementada trouxe prejuízos imensos aos trabalhadores, diminuiu seus ganhos e dificultou com que se organizem para garantir direitos.

Hoje, temos um governo mais comprometido com a democracia e os direitos dos trabalhadores, embora a correlação de forças no Legislativo não nos tenha permitido superar os males causados nos anos em que a direita esteve no poder central. E os trabalhadores, ao mesmo tempo em que defendem o governo Lula também precisam lutar por suas reivindicações, o que nem sempre é uma tarefa fácil.

Um exemplo acontece com os servidores federais da educação que, exercendo seu direito à greve por reivindicações justas, se deparam com as dificuldades do governo em atendê-las, porque o governo do presidente Lula é formado por amplas forças, que vão até o centro-direita e não apenas pela esquerda.

No Brasil, um país com extrema desigualdade social, quem precisa dos serviços públicos, geralmente são os mais pobres, que nessa legislatura tem poucos representantes no Congresso Nacional, cuja maioria defende os interesses dos grandes empresários e grandes corporações. O discurso em defesa dos costumes conservadores serve para esconder os verdadeiros interesses. Enquanto parte da população pobre compra esse discurso, a boiada vai passando e pisando sobre nossos direitos.

Agora, o Congresso quer dar um aumento significativo para os setores do Judiciário que já ganham muito; os mesmos juízes que deitaram por terra o Piso Salarial da Enfermagem são recompensados pelo Congresso.

Neste 1º de Maio, focamos na necessidade de valorização dos servidores públicos, especialmente os que atuam com Saúde e Educação. Por outro lado, precisamos unir esforços para reverter a imensa precarização causada pela reforma trabalhista. Para se ter ideia, ela permitiu – melhor dizendo, praticamente impôs – novos regimes de contratação, até em setores essenciais como a saúde. Hoje, é comum ver enfermeiros que trabalham jornadas e plantões extensos como se fossem Pessoa Jurídica, sem nenhum direito trabalhista.

Esse é o quadro em que nos encontramos. Precisamos continuar na luta para reverter a perda de direitos ao mesmo tempo em que precisamos contribuir para o sucesso do governo Lula.

Fonte: Outra Saúde / Créditos: Satenpe

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