A morte do Drex e o renascimento da liberdade financeira

economia

Diante da desistência e da ascensão de novos arranjos fica demonstrado o descompasso entre o que tenta impor o governo e a necessidade das pessoas

Nas últimas semanas, o Banco Central do Brasil anunciou que desistiu do Drex, o projeto de moeda digital estatal que vinha sendo desenvolvido nos últimos anos. A justificativa oficial foi a dificuldade de garantir privacidade a baixo custo. Mas a decisão revela algo mais profundo: o reconhecimento de que o estado não consegue moldar o futuro do dinheiro com a agilidade e nem com a legitimidade que o mercado já demonstra.

O Drex foi apresentado como símbolo de modernização, eficiência e avanço tecnológico, entretanto, por trás do discurso oficial, havia um risco evidente: transformar o dinheiro em uma ferramenta programável, monitorável e, em última instância, subordinada às conveniências políticas do momento. A tecnologia prometida como avanço poderia facilmente se converter em vigilância permanente, na qual cada pagamento seria rastreável, reversível e potencialmente condicionado. O que se vendia como inovação poderia resultar na erosão da liberdade econômica.

Ao abandonar o projeto, o Banco Central admite ainda que, de forma implícita, nenhuma arquitetura tecnológica é capaz de resolver o problema central das moedas controladas por um poder político: a falta de neutralidade. Toda moeda estatal carrega consigo o risco da manipulação, da expansão sem lastro e da interferência motivada por interesses de curto prazo. Como alertava Murray Rothbard, o monopólio estatal sobre a moeda transforma o dinheiro em um instrumento de poder político, e não em um meio neutro de troca, comprometendo a previsibilidade necessária para que os agentes econômicos possam planejar o futuro.

Esse episódio reforça uma verdade antiga: o dinheiro sempre prosperou quando nasceu da confiança e não da imposição. A moeda surgiu como uma solução espontânea, fruto da cooperação humana, do desejo de reduzir incertezas e facilitar trocas. Não nasceu de decreto, nem de engenharia centralizada. Quanto mais os governos tentam criar riqueza pela expansão artificial de meios de pagamento, mais corroem a própria base moral e econômica que sustenta o sistema monetário.

A retirada do Drex também abre espaço para aquilo que o mercado já vinha realizando sem autorização estatal: o crescimento de alternativas digitais privadas, como stablecoins lastreadas em reais. Elas já circulam, já funcionam e já demonstram que o setor financeiro consegue inovar de maneira mais eficiente, transparente e alinhada aos interesses do usuário. Sempre que o estado recua, a criatividade avança e surgem arranjos que protegem melhor a privacidade, o patrimônio e a liberdade individual.

O fim do Drex não significa o fim da digitalização financeira. Significa, antes, o começo de uma etapa mais madura, guiada pela credibilidade, pela disciplina institucional e pelo entendimento de que o papel do estado tem limites claros. O dinheiro deve servir para facilitar trocas, permitir poupança e garantir previsibilidade, jamais como instrumento de vigilância ou controle.

Dinheiro não precisa de vigilância, e sim de credibilidade. Não precisa de centralização, e sim de regras estáveis. Não precisa de decretos, e sim de confiança, algo que nenhum governo consegue fabricar por imposição.

A desistência do Drex também expõe um ponto que muitas vezes passa despercebido: existe um enorme descompasso entre o que o governo tenta impor e o que as pessoas realmente precisam. Enquanto a máquina estatal aposta em projetos centralizadores e complexos, a sociedade busca soluções simples, eficientes e que preservem sua liberdade. O fim do Drex deixa isso evidente: não é o planejamento estatal que guia a evolução monetária, mas a escolha espontânea dos indivíduos.

Se o Drex representava um projeto de controle, sua morte simboliza o retorno a um princípio fundamental: a soberania do indivíduo sobre o próprio patrimônio. Diante da desistência do governo e da ascensão de arranjos monetários livres, talvez estejamos diante de um renascimento da verdadeira liberdade financeira. Uma liberdade que não depende de decretos, mas da confiança entre pessoas, do respeito à propriedade e do reconhecimento de que a economia floresce quando o estado deixa de atrapalhar e passa apenas a garantir o básico: segurança jurídica e um ambiente onde a inovação possa prosperar.

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Por Vando dos Santos

Fonte: Money Report / Foto: Reprodução

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