A vida de Almir Pernambuquinho, o maior encrenqueiro da história do futebol brasileiro

Brasil esportes News

Por – Joel Paviotti – Sábado, 15 de janeiros de 2022

Almir Morais de Albuquerque ou simplesmente Almir Pernambuquinho nasceu em Recife, Pernambuco, em 1937. Vindo de uma infância humilde, começou a jogar futebol no Sport e logo se transferiu para o Vasco da Gama. Conhecido por seu temperamento forte e por não ter papas na língua, nem freio nos punhos, Almir sempre se denominou como um apaixonado por brigas. O homem não levava desaforo pra casa. Almir encontrou no futebol um campo fértil para confusões. Era muito talentoso, no Vasco chegou a receber o apelido de Pelé Branco, ganhou a torcida quando escolheu realizar turnê internacional com o time vascaíno, desprezando a convocação pra seleção brasileira (opção impensável na época).

Durante toda sua carreira, as confusões em campo e fora dele eram constantes, Almir, frequentemente, chamava jogadores e até torcedores adversários pra briga e, ao tirar a camisa, enfrentava 8 ou 10 homens sozinho.

Em 1959 , convocado pela seleção, foi protagonista da maior briga generalizada entre profissionais do futebol da história: na partida contra contra o Uruguai, Almir estava farto das provocações e violência dos adversários, inclusive já havia jurado pelo menos quatro jogadores. Foi quando, após uma falta em Leiva, Pernambuquinho sentou a porrada em dois jogadores uruguaios. Em minutos, o Estádio Monumental havia sido tomado por 50 profissionais trocando socos e pontapés. Até Leônidas da Silva, que na época era comentarista de uma rádio, desceu para tentar apartar o confronto.

Fiori Gillioti, grande narrador da época, chegou a dizer que Almir gostava mais de briga e confusão do que de marcar gols, o jogador confirmou a fala de Fiori, mas acrescentou que nunca deixou um amigo sozinho no meio de uma porradaria.

No início dos anos 60, o jogador se transferiu do Rio de Janeiro para São Paulo, foi jogar no Corinthians e novamente ganhou a alcunha de Pelé Branco. No time paulista ficou muito pouco, já que foi expulso várias vezes , e se contundiu por quase seis meses.

Após essa passagem, se transferiu para o Boca Juniors e foi disputar o campeonato Argentino, considerado o mais violento do mundo, na época. A preocupação de Pernambuquinho era mínima, nunca teve medo de confusão e da violência, em um jogo contra o Chacarita, em Buenos Aires, foi expulso e socou três adversários antes de entrar para o vestiário, a torcida do Boca foi à loucura.

Após saída do Boca, Almir comprou passagem para o violento futebol italiano. Lá, ficou conhecido por sua garra, dedicação e porrada nos adversários. Após alguns anos jogando em times como Genoa e Florentina, Pernambuquinho resolveu voltar ao Brasil. Segundo ele, as Italianas e a vida boêmia atingiram o prazo de validade.

Então Almir fez as malas e voltou a assinar com um clube brasileiro, agora o Santos. A equipe paulista vivia a melhor fase de sua história, no jogo da final do Mundial, contra o Milan, Almir substituiu Pelé e sofreu o pênalti que deu uma das vitórias para o Peixe. A infração cometida por Maldini foi violentíssima, uma voadora na cabeça de Pernambuquinho, que incrivelmente não reagiu, quando perguntado em entrevista porque estava estranho naquele jogo, o atleta respondeu que havia se entupido de drogas ilícitas:

“Entrei em campo muito doido. Por que eu não ia querer (usar a droga)? O bicho pela conquista do campeonato era 2.000 cruzeiros: dava para comprar um Volkswagen zerinho. Nós entramos em campo vendo o automóvel ao alcance da mão. Do outro lado estavam os caras que podiam impedir isso”.

Ao sair do Santos, o jogador voltou para o Rio de Janeiro, agora jogando pelo Flamengo, onde se meteu em várias outras confusões, um exemplo foi em uma das finais do campeonato carioca contra o Bangu, time do temido bicheiro Castor de Andrade, após uma vitória por 3×0 do Bangu, e provocações protagonizadas por ambos, o tempo fechou, Pernambuquinho liderou a briga e o árbitro perdeu o controle do evento e expulsou cinco do Fla e quatro do Bangu, encerrando a final com apenas 26 minutos da segunda etapa.

Pequeno e forte, Almir gostava de confusão e não se importava em virar ídolo de ninguém (palavras do próprio atleta). No futebol, se destacou pela raça com que defendia a camisa de seus times e pela vida boêmia, regada a muito álcool e drogas.

Foram os problemas decorrentes do alcoolismo que causaram um envelhecimento precoce no jogador e ajudaram a dar um fim em sua carreira. O atleta deixou o futebol profissional em 1968. Com a camisa do América do Rio de Janeiro jogou sua última partida.

Pobre e com sérios problemas em consequência do uso de álcool, Almir encontrou a morte em um bar no bairro de Copacabana, numa cena que mais parecia coisa de cinema. Em uma noite quente de 1973, o ex-jogador tomava umas doses em um bar, quando observou alguns portugueses caçoando de artistas de uma trupe de teatro, pois ainda estavam maquiados. Os gajos proferiam palavras homofóbicas aos artistas. Almir, como odiava injustiças , se incomodou com a situação e resolveu intervir: Ao levantar da cadeira onde estava, peitou os quatro homens que perturbavam a vida dos artistas. Cadeira pra cá, chute pra lá, voadoras, e a confusão descambou em uma troca de socos em plena Avenida Atlântica, um dos portugueses, que carregava um revólver calibre 32, acertou um tiro na cabeça de Pernambuquinho. O projétil atingiu o jogador em cheio, o sangue jorrou da têmpora do jogador. Minutos após ser alvejado, morria, naquela noite de 1973 uma das maiores figuras da história do futebol brasileiro.

Fonte e foto: Inconografia da Historia

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