O Agosto Dourado chegou, um mês inteiro dedicado à promoção do aleitamento materno, considerado alimento de ouro pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste domingo, 1º de agosto, é celebrado ainda o Dia Mundial da Amamentação, que também dá início à Semana Mundial de Aleitamento Materno 2021 (SMAM), ou World Breastfeeding Week 2021 (WBW 2021).
A história da Semana Mundial de Aleitamento Materno teve início em 1990, num encontro da Organização Mundial de Saúde com a Unicef, momento em que foi gerada a “Declaração de Innocenti”. Para cumprir os compromissos assumidos pelos países após a assinatura do documento, em 1991 foi fundada a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (WABA, na sigla em inglês). Um ano mais tarde, a entidade criou a Semana Mundial de Aleitamento Materno e, todos os anos, define um tema a ser explorado e lança materiais que são traduzidos em 14 idiomas com a participação de cerca de 120 países. Desde 2016, a WABA alinha a campanha WBW com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, o mês do Aleitamento Materno foi instituído pela Lei nº 13.435/2.017, que determina que, no decorrer de agosto, serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno, tais como realização de palestras e eventos; divulgação nas diversas mídias; reuniões com a comunidade; ações de divulgação em espaços públicos; e iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada.
Neste ano, a semana especial terá o tema “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”, e se concentrará em promover como a amamentação contribui para a sobrevivência, saúde e bem-estar de todos no mundo.
O tema escolhido está relacionado à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação para pessoas, planeta e economia sem destruição da natureza, que orientará programas de desenvolvimento para os próximos anos. São, ao todo, 17 metas, que se aplicam a todos os países, incluindo questões como como as alterações climáticas e a redução da pobreza.
Benefícios múltiplos
A amamentação é um dos melhores investimentos para salvar vidas infantis e melhorar a saúde, o desenvolvimento social e econômico dos indivíduos e nações. É o alimento mais completo que existe para os recém-nascidos e considerada uma das principais intervenções, com grande impacto para redução da mortalidade e morbidade neonatal e infantil.
Por meio do leite materno, o bebê recebe os anticorpos da mãe que o protegem contra doenças como diarreia, infecções, obesidade infantil, principalmente as respiratórias. Pesquisas recentes indicam que anticorpos para covid-19 podem passar por meio do leite. O risco de asma, diabetes e obesidade é menor em crianças amamentadas, mesmo depois que elas param de mamar.
A amamentação é, ainda, um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, importante para que ela tenha dentes fortes, desenvolva a fala e tenha uma boa respiração.
Dar o peito ainda aumenta contato do bebê com a mãe, dando segurança, calor e fortalecendo os vínculos afetivos; melhora a digestão e minimiza as cólicas, pois é de fácil digestão e possui a molécula PSTI, responsável por proteger e reparar o intestino dos recém-nascidos; reduz o risco de doenças alérgicas; diminui chances de desenvolver doença de Crohn e linfoma.
Estudos relacionam a amamentação exclusiva até os 6 meses do bebê com o aumento da sua inteligência e situação financeira no futuro.
Outra vantagem está na diminuição do risco de morte de crianças amamentadas exclusivamente até os 6 meses, que é 41% menor do que de crianças em aleitamento materno predominante – quando, além do leite, o bebê é alimentado com água ou bebidas à base de água. Já em relação às crianças em aleitamento materno parcial, ou seja, que recebem outros tipos de leite além do da mãe, a ameaça é 78% menor, e 88% quando comparada aos bebês que não são amamentados.
Os benefícios também se estendem à mãe, como a proteção maior contra o câncer de mama, de ovário, e o risco de uma hemorragia após o parto é reduzido. Evita a osteoporose e protege contra doenças cardiovasculares, como o infarto, hipertensão arterial e colesterol alto. Pode reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e artrite reumatoide.
O leite materno dado ao bebê após o parto faz o útero voltar ao tamanho normal mais rápido e diminui o sangramento, prevenindo a anemia materna. Aliás, todo o corpo da mulher costuma retornar mais rápido ao que era antes da gestação com a amamentação, incluindo perda de peso.
Com a liberação de hormônios de prolactina e ocitocina, a amamentação promove sentimento de amor e apego com o bebê. O aleitamento materno exclusivo também atrasa o retorno do período menstrual da mãe, o que pode ajudar a prolongar o tempo entre gestações.
Tudo isso aliado ao fato de que o leite materno é gratuito, prático (você pode amamentar sempre e onde quiser), e não desperdiça recursos naturais ou polui o meio ambiente. “A amamentação fornece uma experiência emocional única para a mãe e o bebê. Amamentar é o único comportamento parental que só a mãe pode fazer por seu bebê, criando uma única e poderosa conexão física e emocional”, resume o pediatra José Luiz Setúbal, em artigo.
Fonte: CB