O cortisol é essencial para nossa sobrevivência e desempenha um papel fundamental em diversas funções do corpo
O nosso corpo é como uma orquestra, e o cortisol é o maestro que rege a música. Ele é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, que desempenha um papel central na resposta do organismo ao estresse, bem como em muitos outros processos importantes.
De acordo com o Dr. Antônio Ribas, médico, especialista em emagrecimento, hipertrofia e performance humana, o cortisol é conhecido como o “hormônio do estresse” porque é liberado em situações estressantes.
Portanto, quando você enfrenta uma situação desafiadora, como uma apresentação importante ou uma emergência, as glândulas suprarrenais liberam cortisol no seu corpo. “Isso prepara você para a ação, aumentando a energia, a atenção e a resistência”, diz o médico.
Outras funções do cortisol no organismo
Contudo, ele não está associado apenas ao estresse, já que desempenha diversas outras funções essenciais, conforme detalha o especialista:
- Regulação do metabolismo: o cortisol ajuda a controlar o açúcar no sangue, a gordura e o metabolismo das proteínas. Isso é fundamental para manter o equilíbrio energético do seu corpo;
- Função anti-inflamatória: em situações de lesão ou inflamação, o cortisol age como um anti-inflamatório natural, reduzindo a inflamação e aliviando os sintomas;
- Suporte ao sistema imunológico: em níveis normais, o cortisol ajuda a regular o sistema imunológico, mantendo-o equilibrado e evitando respostas imunológicas excessivas;
- Ritmo circadiano: o cortisol segue um padrão diurno, com níveis mais elevados pela manhã e mais baixos à noite, o que ajuda a regular o nosso ritmo circadiano, influenciando o sono e o despertar.
Impactos do desequilíbrio do cortisol
O cortisol é essencial para a nossa sobrevivência, e diversos problemas podem ocorrer quando seus níveis estão desequilibrados. “O estresse crônico, por exemplo, pode levar a níveis elevados de cortisol, o que tem impactos negativos na saúde, como aumento de pressão arterial, ganho de peso, problemas de sono e estado depressivo”, alerta o Dr. Antônio.
Relação com a depressão
Vale reforçar que, quando enfrentamos situações de estresse, o corpo libera cortisol para ajudar a lidar com o desafio. Isso é parte de uma resposta natural de “lutar ou fugir” que prepara o corpo para reagir rapidamente a ameaças percebidas. No entanto, em pessoas com depressão, esse sistema de resposta ao estresse pode estar desregulado.
“A relação entre o cortisol e a depressão está relacionada ao fato de que, em algumas pessoas com o transtorno, os níveis de cortisol podem estar cronicamente elevados. Isso pode acontecer devido a várias razões”, diz o médico. Ele cita, por exemplo:
Desregulação do eixo HPA: em alguns casos de depressão, o eixo HPA pode estar hiperativo, levando a uma produção excessiva de cortisol. Isso pode resultar em uma constante sensação de estresse no corpo.
Diminuição da sensibilidade dos receptores de cortisol: em outros casos, mesmo que os níveis de cortisol estejam elevados, os receptores de cortisol nas células do corpo podem se tornar menos sensíveis a esse hormônio, o que significa que o corpo não responde adequadamente aos seus efeitos reguladores.
“Essa elevação crônica do cortisol e a desregulação do sistema de resposta ao estresse podem contribuir para os sintomas da depressão, como fadiga, alterações no sono, perda de interesse em atividades, entre outros. Além disso, o cortisol em excesso pode afetar o funcionamento do cérebro e influenciar negativamente o humor e a função cognitiva”, destaca o médico.
No entanto, o especialista ressalta que a relação entre cortisol e depressão é complexa, principalmente porque a depressão é uma condição multifatorial que não pode ser atribuída apenas aos níveis de cortisol. “Trata-se de uma interação entre fatores genéticos, ambientais e psicológicos”, explica.
Como manter bons níveis de cortisol no organismo
Gerenciamento de estresse: uma das chaves para manter níveis saudáveis de cortisol é o gerenciamento eficaz do estresse. Isso pode incluir técnicas de relaxamento, como meditação, ioga, exercícios de respiração e a prática da atenção plena (mindfulness). Portanto, encontrar maneiras de lidar com o estresse é fundamental para manter o equilíbrio hormonal.
Exercícios físicos: a prática regular de exercícios físicos pode ajudar a equilibrar os níveis de cortisol. Atividades físicas, como caminhadas, corridas, natação e musculação, por exemplo, podem ajudar a reduzir o estresse e melhorar o bem-estar geral.
Sono de qualidade: garantir uma boa qualidade de sono é essencial para o equilíbrio hormonal. Tente manter uma rotina de sono consistente, evite cafeína e eletrônicos antes de dormir, e crie um ambiente propício para o descanso.
Alimentação saudável: uma dieta equilibrada com alimentos ricos em nutrientes é fundamental. Evite o consumo excessivo de cafeína e açúcar, e opte por alimentos ricos em fibras, proteínas magras, vitaminas e minerais.
Redução do consumo de álcool e tabaco: o consumo excessivo de álcool e o tabagismo podem afetar negativamente os níveis de cortisol. Reduzir ou eliminar esses hábitos pode ser benéfico para a sua saúde hormonal.
Manter relacionamentos saudáveis: ter apoio social e relações interpessoais positivas podem ajudar a reduzir o estresse e manter níveis equilibrados de cortisol. Procure o apoio de amigos e familiares quando necessário.
Tempo para atividades prazerosas: é essencial reservar um tempo para fazer atividades que lhe tragam prazer e relaxamento. Isso pode incluir hobbies, passeios ao ar livre ou qualquer coisa que o ajude a se desconectar do estresse cotidiano.
Cada organismo é um
O especialista lembra que os níveis de cortisol podem variar de pessoa para pessoa e podem ser influenciados por fatores genéticos. Além disso, o objetivo não é necessariamente eliminar o cortisol, mas sim manter um equilíbrio saudável e apropriado para o seu corpo.
“Se você acredita que seus níveis de cortisol estão fora do equilíbrio e isso está afetando sua saúde, é fundamental buscar orientação de um profissional de saúde, como um endocrinologista, para avaliação e orientação adequada”, destaca Antônio.
Fonte: Saúde em dia