Alta da ureia e risco geopolítico elevam preocupação do agro brasileiro

economia

Dependência da Rússia e interrupções globais de produção sustentam cenário de incerteza para insumos.

O mercado de fertilizantes nitrogenados voltou a registrar pressão de preços em julho. A ureia subiu 5,2% no último mês, alcançando US$ 455 por tonelada nos portos brasileiros. Já os insumos potássicos e fosfatados apresentaram maior estabilidade: o MAP recuou 0,3%, cotado a US$ 757,5/t, enquanto o KCl permaneceu em US$ 362,5/t.

Além da valorização dos nitrogenados, o setor acompanha com cautela novos riscos geopolíticos. O secretário-geral da OTAN, com apoio dos Estados Unidos, ameaçou impor sanções secundárias a países que mantêm comércio com a Rússia, medida que pode afetar diretamente o Brasil, hoje altamente dependente desse fornecedor. Atualmente, 26% das importações brasileiras de fertilizantes têm origem russa, percentual que alcança 53% no MAP, 40% no KCl e 20% na ureia.

Segundo especialistas, a interrupção dessas compras traria impacto significativo aos custos de produção agrícola, já pressionados pela relação de troca desfavorável entre grãos e fertilizantes. A Rússia é considerada uma origem estratégica por oferecer preços mais competitivos em relação a outros mercados.

A oferta mundial de nitrogenados também enfrenta restrições decorrentes de conflitos. No Egito, fábricas de ureia seguem paralisadas, enquanto no Irã a atividade foi reduzida pela guerra contra Israel. Mais recentemente, em julho, uma fábrica russa de nitrogenados foi atingida por drone, comprometendo ainda mais a oferta.

Esse ambiente estimulou países com compras centralizadas pelo governo, como a Índia, a anteciparem aquisições para evitar maiores riscos de desabastecimento. A combinação de incertezas logísticas, instabilidade política e interrupções de produção mantém o preço da ureia em alta, mesmo com o gás natural, principal insumo do processo, registrando queda nos mercados internacionais.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA / Foto: Divulgação/SAA SP

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