A Americanas S.A. distribuiu R$ 333,2 milhões a seus acionistas entre os meses de janeiro e setembro de 2022, de acordo com dados presentes no balanço patrimonial da empresa.
O pagamento recorde aos investidores ocorreu meses antes de a varejista identificar inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. O rombo resultou na renúncia de Sérgio Rial, que ocupava o cargo de presidente-executivo da companhia fazia menos de dez dias.
Como base de comparação, a distribuição de dividendos realizada pela Americanas ao longo dos nove primeiros meses do ano passado foi 39,9% superior aos R$ 238,1 milhões pagos pela companhia em 2021.
A distribuição realizada pela Americanas aos investidores totalizou R$ 296 milhões em 2020 e somou R$ 126,2 milhões em 2019, segundo os demonstrativos de fluxo de caixa disponibilizados pela companhia.
Desde o anúncio das inconsistências contábeis, as ações da Americanas (AMER3) já desabaram 84,2%, de R$ 12 para R$ 1,90, entre a última quarta-feira (11) e o fechamento do último pregão. Para Douglas Duek, CEO da Quist Investimentos, os papéis da empesa vão apresentar volatilidade até a tomada de uma decisão concreta sobre os próximos passos da empresa.
“Quando não havia notícia alguma de uma possível recuperação judicial, o mercado reagiu mal no primeiro dia, chegando a dizer que as ações caíram 77% e achando que a empresa valia esse percentual. Como o anúncio de recuperação judicial foi feito recentemente, provavelmente veremos acionistas que possuem ações na Bolsa reagindo mal”, destaca Duek.
Em aviso aos investidores após ter a nota de crédito rebaixada pelas agências de classificação de risco Fitch, Moodys e Standard and Poor’s, a Americanas afirma que vai manter o mercado financeiro e o público em geral atualizados sobre informações relevantes sobre a empresa.
O pagamento de dividendos é uma maneira comum utilizada pelas empresas para distribuir parte de seus lucros com os investidores que apostaram na companhia. A remuneração é comum na maioria das empresas de capital aberto.
Outras varejistas
Na análise entre outras empresas do setor varejista listadas na Bolsa de Valores e que são obrigadas a divulgar seus balanços financeiros, há uma evidente diferença entre os pagamentos realizados aos acionistas no ano passado.
Enquanto a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, não distribui nenhum centavo em dividendo aos acionistas desde 2017, o Magazine Luiza destinou R$ 100 milhões aos investidores em 2022.
Em 2020, no entanto, o pagamento de dividendos do Magazine Luiza, de R$ 299,4 milhões, foi apenas 1% inferior ao realizado pela Americanas em igual período. Os dados finais de 2022 ainda serão divulgados pelas empresas.
Fonte: R7